De uma “geringonça” a três na Assembleia da República, para uma a valsa a dois na Câmara de Lisboa. Fernando Medina fechou na quarta-feira o acordo com o Bloco de Esquerda, garantindo a maioria que lhe escapara nas últimas eleições. De fora desta solução ficaram os comunistas, que não quiseram recriar na capital o modelo encontrado no Parlamento. Porquê? “Não nos podíamos transformar em meros executores da política de outrem”, sublinhou João Ferreira, eurodeputado e vereador eleito para a autarquia lisboeta. Recado para o Bloco de Esquerda? Apesar das críticas veladas, o comunista preferiu não concretizar.

“Não conheço os termos do acordo [entre PS e Bloco de Esquerda] e, por isso, não faço por agora nenhum comentário. Esse é um trabalho que deixo para vocês [jornalistas], o de olhar para as linhas vermelhas que foram traçadas durante a campanha e que agora passaram a ter outra cor. Eu farei esse trabalho para mim”, sugeriu João Ferreira, em declarações ao Observador.

Sem nunca concretizar o alvo, apesar da insistência, o eurodeputado foi repetindo a ideia de que os comunistas não podiam, sob qualquer circunstância, ser “meros executores da política de outrem”. E foi ainda mais longe: “Assumimos nestas eleições a necessidade de encontrar um caminho diferente. Ora, ninguém compreenderia que desrespeitássemos esse compromisso com a população a troco de um vereador a tempo inteiro“.

Medina fecha acordo com Bloco de Esquerda e entrega pelouro da Educação e Áreas Sociais

Mas não seria mais fácil para o PCP influenciar a governação do PS se existisse, de facto, um acordo estrutural com os socialistas? João Ferreira descarta essa hipótese. “Um acordo global e abrangente pressupõe um nível de convergência que não se verificou nos últimos anos, em áreas estruturais como urbanismo, mobilidade e ambiente”, notou o comunista. Ora, sem essa convergência, continuou o candidato da CDU nas últimas eleições a Lisboa, os comunistas não estavam dispostos a caminhar assumir um “grau de compromisso” dessa natureza.

O que não quer dizer que não exista abertura para outro tipo de acordos“, salvaguardou João Ferreira. “A nossa postura, independente das circunstâncias em relação aos demais partidos, será a mesma. Teremos uma postura construtiva e de convergência. Não vamos ter uma postura de bloqueio”, assegurou, por fim, João Ferreira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR