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Como se educam filhos "brilhantes"? Estas cientistas explicam

Um adolescente nascido em 2000 terá até 15 empregos ao longo da vida. Oito deles deles ainda não estão inventados. Duas cientistas contam ao Observador como educar crianças para este futuro.

Os adolescentes que estejam a sair hoje do ensino secundário terão, em média, entre 10 a 15 empregos durante toda a sua vida. Oito deles ainda nem estão inventados. Em 20 anos, 47% dos empregos podem estar perdidos para a automatização. Isso são mais ou menos 80 milhões de postos de trabalho. Não podemos estudar para ingressar em empresas que ainda não foram criadas, mas será que não podemos estimular competências nos nossos filhos que lhes serão sempre úteis, mesmo num mundo onde já só existam caixas de pagamento automático nos supermercados e as pizzas nos cheguem a casa num drone?

Podemos — e há duas cientistas educacionais que escreveram um livro a ensinar como. Roberta Michnick Golinkoff e Kathy Hirsh-Pasek, uma professora de ciência cognitiva e uma psicóloga educacional, que passaram as últimas três décadas a estudar a forma como as crianças apreendem, retêm e utilizam o conhecimento, desenvolveram um método científico para educar crianças “brilhantes”.

"Shakespeare navegava como ninguém os vários circuitos sociais da Inglaterra, chegando perto das pessoas que depois influenciavam as suas personagens, ele era persistente, criativo, empreendedor, um grande comunicador. O que isto quer dizer é que se obrigarmos as nossas crianças a focarem as suas capacidades apenas na captação de conteúdo, de conhecimento académico, por muito que isso seja muito importante, não será suficiente para as tornar brilhantes no século XXI. Se já não o era no século XVI…"
Kathy Hirsh-Pasek, psicóloga educacional e autora de 14 livros sobre educação na infância

No livro Becoming Brilliant – O que Diz a Ciência Sobre Como Educar Crianças Para o Sucesso, que ainda não está traduzido em português, as duas colegas de longa data identificaram seis “Cs” — colaboração, comunicação, conteúdo, crítica, criatividade e confiança — que podem ser a chave para que as crianças do século XXI possam ainda ingressar num mercado de trabalho que está a mudar velozmente.

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Em menos de um segundo é possível aceder a mais de 72,6 milhões de resultados no Google sobre o tema “Competências Essenciais no século XXI”. E o que dizem alguns dos primeiros? Que o espírito crítico, a empatia, a facilidade de colaborar em equipa e inteligência emocional são tão ou mais importantes para um CEO de uma empresa de topo do que ter 18 em 20 valores em cadeiras como Inglês, Matemática ou História.

A montanha de conhecimento é a montanha mais alta do mundo. Tão alta que agora já só lá podemos chegar através da “nuvem” onde guardamos toda a informação que produzimos todos os dias. Qualquer coisa como 2,5 exabites ou 530 milhões de músicas, 250 mil Bibliotecas do Congresso dos Estados Unidos ou 90 anos de vídeo. Eric Schmidt, CEO da Google, calculou que, a cada dois dias, criamos tanta informação como aquela que foi criada desde o início da escrita até 2003.

O vosso livro tem no título a palavra “brilhante”, mas a vossa definição de “brilhante” não é sinónima de “génio” ou “prodígio”, apesar de ser isso que os pais procuram. É uma luta inglória?
Kathy Hirsh-Pasek: É uma luta mal dirigida, que pode não trazer os resultados esperados, isso parece-nos óbvio. As pessoas pensam que se obrigarem os filhos a serem muito estudiosos, se conseguirem que eles dominem muito bem uma área, para que sejam os melhores nos testes da escola, estão no bom caminho para terem um génio em casa, no futuro. Mas para uma pessoa se tornar brilhante, ela precisa de um leque bem mais vasto de competências do que apenas conteúdo.

Dão o exemplo de Shakespeare, um génio na definição da maioria das pessoas.
Hirsh-Pasek: Sim. Vamos pensar em Shakespeare. Mesmo que um adolescente seja de facto excelente a dominar a língua, forme frases muito inteligentes, encontre palavras perfeitas para tudo e nunca tenha dado um erro ortográfico, ou seja, um Shakespeare dos tempos modernos, o William Shakespeare foi apenas uma das inúmeras pessoas com essas mesmas características na altura dele. Mas foi ele que escreveu as peças de teatro mais importantes do mundo. Porquê? Porque tinha também outros atributos que na altura não estavam identificados, mas que nós isolámos e podemos ensinar. Shakespeare navegava como ninguém os vários circuitos sociais da Inglaterra, chegando perto das pessoas que depois influenciavam as suas personagens, ele era persistente, criativo, empreendedor, um grande comunicador. O que isto quer dizer é que se obrigarmos as nossas crianças a focarem as suas capacidades apenas na captação de conteúdo, de conhecimento académico, por muito que isso seja muito importante, não será suficiente para as tornar brilhantes no século XXI. Se já não o era no século XVI…

"O mundo em que vivemos hoje em dia é verdadeiramente global. No entanto, não faltam artigos nos jornais, de agora e do tempo antes das eleições, para comprovar que o atual presidente [Donald Trump] pensou mesmo que se podia isolar, e vendeu essa ideia como uma forma de “proteger” o que é norte-americano: os empregos, as indústrias, a forma de vida, os serviços públicos. Pensou -- ou se calhar apenas disse -- que nos poderia separar do resto do mundo mas isso é impossível."
Kathy Hirsh-Pasek, psicóloga educacional e autora de 14 livros sobre educação na infância

Roberta Golinkoff: Nós temos uma missão no livro como aquelas que às vezes vemos nos sites de algumas empresas. Vivemos numa era onde o conhecimento duplica a cada 2.5 anos. Mesmo que ensinássemos tudo o que existe no mundo às nossas crianças, daqui a dois anos e meio elas já só saberiam 50% disso e 25% daqui a cinco anos. A memória é importante mas mais importante é aprender a ir pesquisar.

Falam no livro de alguns exemplos de “brinquedos educacionais” logo para os primeiros meses de vida dos bebés. Alguns parecem bastante impressionantes, mas vocês não parecem convencidas. Um pai que compre plasticina ao filho, ou uma réplica do Woody do Toy Story é visto como um irresponsável?
Golinkoff: Estamos obcecados com um tipo de “brilhantismo” que não se adapta de todo à sociedade em que vivemos. Numa festa para uma amiga que ia ter um filho vimos de tudo: um papagaio com penas muito reais, com várias cores, e as cores vinham escritas em três línguas: inglês, espanhol e mandarim. Um outro era uma tartaruga que projetava no teto do quarto, à noite, imagens das constelações com o nome de todas as estrelas, dos cometas e dos planetas. Aparentemente tinha sido provado por especialistas que aquele brinquedo reduzia o medo do desconhecido e nutria nos bebés o desejo de serem cientistas, exploradores. Mais recentemente vimos um tampão que pode ser inserido na mãe para que os bebés recebam informação quando ainda estão em gestação.

Então quais são os brinquedos ideais?
Golinkoff: Aqueles que os fazem pensar e construir coisas novas. Estive este fim de semana com um bebé de dois anos e o que ele gosta de fazer é brincar com coisas que levam a outras: lápis e papel é excelente. Empilhar blocos por exemplo, o ideal é oferecer coisas que eles, ao interagir com elas, consigam entender a causa e efeito das coisas. Um carrinho com uma corda de puxar, assim começamos a explicar-lhes que um motor precisa de ignição. Programas de desenho no iPad também são muito bons. Há vários de colorir com os dedos, e alguns vão revelando os nomes das partes do animal à medida que vamos colorindo. Há coisas que não custam dinheiro nenhum, como bater em várias superfícies da casa para que eles entendem o som das coisas, ou por a tocar diferentes instrumentos na aparelhagem e ensinar os instrumentos. Quando eles crescem, aos 6,7,10 anos dar sempre livros e instrumentos musicais ou mostrar filmes sobre a vida das crianças em outras partes do mundo, por exemplo.

De que forma é que os vossos filhos beneficiaram deste estudo de décadas que têm vindo a empreender? Como é que os estimularam a desenvolver as tais seis competências essenciais?
Golinkoff: Todos os nosso filhos, além de estarem a fazer coisas que os deixam felizes, são extremamente preocupados com o bem da comunidade em que se inserem e estão muito alerta para os problemas do mundo. Mesmo que fosse só isso, sem a parte das carreiras satisfatórias que têm, eu já falaria de sucesso. A minha filha mais velha saiu há pouco tempo da área de consultoria na área da saúde, abdicando de um ordenado muito acima da média, para ir trabalhar para uma clínica local com poucos recursos.

"Um exercício que eu sempre tentei fazer: se eles viam alguma coisa na rua que lhes despertava a atenção eu devolvia a pergunta. Por exemplo. Um sem-abrigo. Perguntava-lhes: 'o que é que achas que aquela pessoa está a pensar?', 'como achas que ela se sente por não ter casa?', 'o que é uma pessoa tem dentro de casa que lhe pode fazer falta?'. É importante ativar neles o ponto de vista de outra pessoa."
Kathy Hirsh-Pasek, psicóloga educacional e autora de 14 livros sobre educação na infância

Hirsh-Pasek: As competências que identificámos são o resultado de anos e anos de estudo, mais tarde cruzado com as necessidades de mão-de-obra que o mundo empresarial de amanhã irá precisar. Não usamos a nossa experiência como mães para fazer um livro, é um estudo muito mais alargado e científico. Nós observámos o comportamento de milhares de crianças nos primeiros anos de aprendizagem, as que contaram com um clima aberto em casa e na escola, onde a sensibilidade e a crítica eram incentivadas, e observamos o contrário e sabemos quem é que está mais feliz neste momento. Não devemos agir como um dispensário de informação. Aquela tabela de competências também é para nós — devemos perguntar-nos: como é que eu educo dentro dos seis Cs? Quando o meu filho assume alguma coisa como uma verdade, eu peço-lhe provas? Em que nível está o meu pensamento crítico como mãe?

Pode dar-nos um exemplo de uma altura em que tentou estimular esse pensamento?
Hirsh-Pasek: Quando o meu filho mais velho tinha quatro anos chegou ao pé de mim e disse-me que todos os veículos têm rodas. E eu pensei, bom, não, os barcos não têm rodas, normalmente. Pedi-lhe provas. E ele pôs-se a pensar, a pensar, sentado no sofá. Depois subiu até ao escritório e trouxe para baixo um exemplar de uma banda desenhada em que um amigo quer oferecer um barco a outro amigo e a forma que a personagem arranja de levar o barco até ao amigo é colocá-lo em cima do carro. Aqui está um miúdo de quatro anos que foi buscar um livro para apresentar provas da sua posição. Um outro exercício que eu sempre tentei fazer: se eles viam alguma coisa na rua que lhes despertava a atenção eu devolvia a pergunta. Por exemplo. Um sem-abrigo. Perguntava-lhes: ‘o que é que achas que aquela pessoa está a pensar?’, ‘como achas que ela se sente por não ter casa?’, ‘o que é uma pessoa tem dentro de casa que lhe pode fazer falta?’. É importante ativar neles o ponto de vista de outra pessoa.

Certo, isso é para as crianças quando são mais pequenas e como é que se faz isso com um adolescente ou pré-adolescente?
Hirsh-Pasek: Os adolescentes são mais autónomos, não perguntam tantas coisas aos pais e querem descobrir por si mesmos o mundo sem terem que perguntar mas, mesmo assim, podemos ainda direcioná-los. Nas férias temos que tentar incluir sempre um museu ou uma semana com atividades extra-curriculares que os façam pensar em outras áreas que por vezes não são tão exploradas nas escolas: dança, teatro, escrita criativa, noções de música, de cozinha, de preservação do ambiente, de como fazer coisas novas com as coisas que já temos em casa, análise da flora local, ir para a floresta entender porque é a madeira forma anéis e os cogumelos crescem onde é húmido. Os seis Cs estão presentes a vida toda. Como funciona um regador automático, um autoclismo, a luz lá em casa, porque é que o fogo é igual a calor. Outra coisa: jogos de estratégia como Risco. Aí temos a criatividade, a colaboração e o pensamento crítico. Temos que tornar os miúdos orgulhosos por serem rápidos e inteligentes, tornar isso uma fonte de auto-estima.

Os pais estão a obrigar os filhos a terem profissões que eles não querem?
Hirsh-Pasek: Sim, estão mesmo. Às vezes os miúdos querem seguir carreiras nas quais seriam excelentes, felizes, mas os pais preferem Engenharia ou Direito. A quantidade de advogados aborrecidos e infelizes que eu conheço é inacreditável. E muitos culpam os pais. O meu marido é advogado, eu sou doutorada em psicologia, então o nosso grupo sempre foi muito doutor para aqui, doutora para ali. Quando tínhamos jantares de amigos e dizíamos que um dos nossos filhos ia ser músico, o outro investigador na área da intolerância religiosa e apenas o terceiro estava a tentar seguir ciência mas, mesmo aí, o que ele queria era ser ‘inventor’, ficava tudo a olhar para nós. Diziam coisas como: ‘ai sim, pois, está bem, isso é muito fofo, isso das religiões’. Mas o fofo hoje faz mediação de conflitos em situações que envolvem reféns. E nunca houve uma altura, infelizmente, em que um especialista em diferenças culturais e religiosas fosse tão importante.

Escreveram este livro na tentativa de desmistificar o sucesso então?
Golinkoff: De alargar a sua noção, sim. E de alertar as pessoas para o facto de que os empregos do futuro irão, quase de certeza, para pessoas com capacidades de aprendizagem que não dependem do conhecimento armazenado, mas sim da capacidade de inovação, de relacionar informação que será produzida por computadores e para aqueles que entendam a necessidade de cuidar do planeta. O nosso manifesto diz o que queremos atingir. É, em parte, inspirado pelo governo local de Ontário, no Canadá, que descreveu assim o que deseja para as suas crianças: “A sociedade floresce e melhora quando criamos, dentro e fora da escola, o ambiente necessário ao crescimento de crianças felizes, saudáveis, carinhosas, atentas, curiosas, intuitivas, e sociais que depois se tornem adultos criativos e competentes, com uma grande capacidade de colaboração, porque só assim podemos ter cidadãos responsáveis no futuro”. Por isso, não estávamos a falar de sermos brilhantes apenas para conseguirmos ter um emprego que pague bem, estamos a falar de criar pessoas melhores. Acho que olhando para o que se passa na América hoje em dia — e para o mundo, francamente — eu diria que precisamos de um pouco mais de ênfase nas competências sociais e de cidadania.

No livro mostram-se bastante contra a divisão conhecida entre “soft skills” e “hard skills”, porquê?
Golinkoff: Porque as competências chamadas “soft” (suave ou mole em português) são as que sustentam as outras, as “hard” (literalmente “duro” ou “sólido” mas aqui utilizado também como “nucleares” ou “essenciais”) e por isso deviam ser as “sólidas”. As competências mais importantes não são o conteúdo em bruto, a Matemática e a Literatura e a História, mas sim a capacidade de relacionar esse conhecimento de forma a chegar a novas conclusões, a inteligência emocional, a confiança em si e no outro, a responsabilidade social, a criatividade, a colaboração. Sem isso não serve de nada a um advogado saber de cor todas as páginas do Código do Direito Penal. Quando se fala de “suave” e “sólido” quem é que quer ser o “suave”? Deviam chamar-se “competências primárias” ou “competências estruturais” e não “soft”.

Os modelos educativos, na maioria dos países que analisaram para o livro, são muito individualistas, o foco é em educar toda a gente para ser melhor que toda a gente. Como é que se muda isso?
Hirsh-Pasek
: É extremamente individualista. Focado apenas em distiguirmo-nos de uma massa, elevarmo-nos acima dos “comuns”. Mas se não existirmos para os outros, não existimos de todo. Será que as pessoas pensam nisto? O mundo em que vivemos hoje em dia é verdadeiramente global. No entanto, não faltam artigos nos jornais, de agora e do tempo antes das eleições, para comprovar que o atual presidente Donald Trump pensou mesmo que se podia isolar, e vendeu essa ideia como uma forma de “proteger” o que é norte-americano: os empregos, as indústrias, a forma de vida, os serviços públicos. Pensou — ou se calhar apenas disse — que nos poderia separar do resto do mundo, mas isso é impossível. Num mundo onde toda a gente está ligado pela internet, o que dizemos neste livro é que não é possível preparar a crianças para apenas um mercado laboral, ou apenas uma realidade. Já sabemos que haverá cada vez mais empregos executados apenas através do computador, cada vez mais empresas a contratar em todas as partes do mundo.

"Já há computadores a compor música original e a pintar quadros. Talvez a indústria dos serviços esteja a salvo mais algum tempo. Eu não vou ter com um computador para me cortar o cabelo, e prefiro ter um instrutor de ginásio que fale comigo sobre a minha progressão física do que ter uma balança e uma folha de excel enviada automaticamente para o meu e-mail por um programa que calculou o que eu preciso mediante informação biométrica que eu inseri num app".
Roberta Golinkoff, professora de linguagem e ciência cignitiva na Universidade de Delaware

É aqui que entra o primeiro dos “Cs”, a colaboração. O vosso argumento é que, como há tanta informação disponível, não é possível trabalhar sem ser em equipa.
Hirsh-Pasek
: Estamos a receber e a produzir informação 24 horas por dia. As empresas estão a operar como um jogo de equipa ao nível global. Os desportos individuais num mundo onde muitas empresas nem sequer terão sedes físicas não vão ter muitos adeptos e temos que criar indivíduos que sejam atrativos para serem absorvidos por uma equipa, não para trabalharem sozinhos. Essas profissões repetitivas em que as pessoas trabalhavam isoladas serão cada vez menos necessárias, à medida que a robotização e a automatização do trabalho as anula. Sucesso hoje em dia é sinónimo de darmos as mãos. Ninguém, ninguém mesmo, pode digerir a quantidade de informação que é hoje colocada na internet todos os dias. Cada pessoa lê, em média, online, o equivalente a 74 jornais por dia — entre publicações do Facebook, partes de notícias, entradas na Wikipédia, e-mails, chats. O que é realmente preciso é ensinar aos miúdos como relacionar tudo isto, ensinar os vetores, os eixos principais onde depois se articula o conhecimento.

Golinkoff: Em equipa, cada pessoa teria de memorizar apenas uma parte da informação e partilhá-la com o resto dos membros da equipa, porque em breve vamos estar perdidos no meio da informação. Inundados em informação e sedentos de sabedoria.

Há logo uma conclusão nas primeiras páginas: nunca seremos melhores do que um computador a armazenar conhecimento, a relacionar dados e a produzir estatísticas com eles. Um humano nunca vai ganhar essa batalha. Mas pode ganhar outras…
Hirsh-Pasek:
No geral, podemos aceder a informação rapidíssimo, está na ponta dos dedos desde os quatro ou cinco anos de idade. Se perguntarmos a uma criança onde é o edifício mais alto do mundo, ela vai ao telemóvel e diz-nos. Então o que temos que fazer é ensinar a procurar, a não ler simplesmente tudo o que está disponível, ajudá-la a saber quais são as fontes em que se pode confiar. Isso é muito importante. As pessoas têm que ser desconfiadas em certa medida, perguntar a si mesmas: o que é que constitui uma prova de que esta ou aquela informação estão corretas? É mais importante ensinar ‘como procurar’ fontes fidedignas acerca da História dos Estados Unidos do que a própria História dos Estados Unidos. As crianças têm que aprender a aprender.

As empresas estão a operar como um jogo de equipa ao nível global. Os desportos individuais num mundo onde muitas empresas nem sequer terão sedes físicas não vão ter muitos adeptos e temos que criar indivíduos que sejam atrativos para serem absorvidos por uma equipa, não para trabalharem sozinhos. Essas profissões repetitivas em que as pessoas trabalhavam isoladas serão cada vez menos necessárias à medida que a robotização e a automatização do trabalho as anula. Sucesso hoje em dia é sinónimo de darmos as mãos.
Kathy Hirsh-Pasek, psicóloga educacional e autora de 14 livros sobre educação na infância

E os outros Cs, como é que entram nesse esquema?
Hirsh-Pasek: Os nossos filhos terão empregos que nós nem sabemos que existem, nem sonhámos com eles ainda. Temos que trabalhar nas competências que os computadores não poderão adquirir. Foram muitos anos a olhar para a forma como as crianças absorvem conhecimento — e não é, de todo, sentadas em filas de cadeiras e carteiras de madeira, nem nas duas semanas antes de um teste que não estimula a formação de opinião, mas sim a reprodução ad eternum de conhecimentos específicos. Os seis “Cs” são ferramentas para que, tanto pais, como educadores, possam, dentro das suas capacidades e dos recursos que existem em cada escola, “arrancar” das crianças as respostas que elas procuram, nunca lhas dizendo. Porque só assim, quando forem mais velhos, poderão saber onde e como procurar soluções para problemas que ainda não estão na Wikipédia.

  1. Colaboração é tudo. Se há uma ideia que fica depois de lermos o livro é esta. O mercado laboral do futuro é “um desporto de equipa”, quem não souber integrar-se não será “brilhante”. É preciso conhecer as necessidades e as expectativas dos que nos rodeiam. Como se lê no livro: “Não é possível tocar uma sinfonia com uma flauta”;
  2. Comunicação. Falar claramente, ler e escrever com igual clareza, ter um discurso articulado e, principalmente, ouvir, são competências essenciais para as autoras;
  3. Conteúdo. Se dominarem a comunicação, será muito mais fácil apreenderem conteúdo, ou seja, o conhecimento académico, e só com bases podemos saber o que temos para melhorar;
  4. Pensamento crítico. É preciso que as crianças questionem tudo o que aprendem: o que for verdade, apoiado em fontes fidedignas, consolida-se e torna-se mais uma pedra basilar onde todo o conhecimento futuro se pode, sem medos, apoiar. Porém, para aqui chegarmos, é preciso permitir às crianças por tudo em causa, até as ordens dos pais, que, a partir dos quatro anos, devem ser todas explicadas;
  5. Inovação criativa. Primeiro vem o espírito crítico, depois a inovação. É uma das competências mais difíceis de adquirir, porque pressupõe que se crie uma solução nova para um problema novo ou antigo. Mas para inovar é preciso todas as outras competências anteriores. Um exemplo é o nascimento de plataformas como a Uber. Há um problema, descobre-se uma solução e agora que já surgiram outros problemas como as condições laborais dos condutores, por exemplo, uma outra pessoa criou a Lift, que tem isso em atenção;
  6. Confiança. É preciso dizer aos nossos filhos que é importante correrem riscos na sua vida profissional. Na escola isto está a ser desencorajado. Os professores tentam sempre apontar como caminho para o sucesso um outro que já foi percorrido sem percalços milhões de vezes, daí que as universidades de topo do país sejam o único objetivo de milhões de alunos.

Haverá alguma coisa que, daqui a 20 ou 30 anos, os computadores não serão capazes de fazer?
Golinkoff: Bom, isso é difícil de antever. Já há computadores a compor música original e a pintar quadros. Talvez a indústria dos serviços esteja a salvo mais algum tempo. Eu não vou ter com um computador para me cortar o cabelo, e prefiro ter um instrutor de ginásio que fale comigo sobre a minha progressão física do que ter uma balança e uma folha de Excel enviada automaticamente para o meu e-mail por um programa que calculou o que eu preciso, mediante informação biométrica que eu inseri numa app. Também não espero ver empregados de bares transformados em robôs, apesar de já existirem, mas não creio que a maioria dos seres humanos gostem disso.

O seu filho, que é compositor da música do filme La La Land que ganhou o Óscar, já está com medo, dra. Hirsh-Pasek?
Hirsh-Pasek: [Risos] Sim, sim, ele já se está a ver substituído por um robô ao piano. Mas as funções criativas estão ainda no topo da lista das que para já estão a salvo. E com ‘criativas’ não quero só dizer pintores ou músicos. Um médico pode ser criativo num cenário de guerra, ao inventar uma sutura que se possa fazer sem linha mas, por exemplo, com fio de metal fino, ou utilizar materiais como preservativos para estancar hemorragias como já acontece no Quénia nos partos mais complicados, onde um preservativo é inserido no útero da mulher e enchido com água cá de fora, de forma a encher o útero e parar o sangramento até ser possível operar.

Em outras entrevistas nota-se que uma de vocês está mais otimista em relação ao assalto da tecnologia às nossas vidas, outra menos.
Golinkoff: As enfermeiras robô estão a chegar Kathy, será uma realidade. Não estou a dizer que substituirão por completo todas as enfermeiras, aquelas que cuidam das pessoas nos cuidados intensivos ou nos cuidados paliativos, mas aquelas coisas básicas: medir a pressão, ver os níveis de açúcar no sangue, isso será tudo automatizado.

Hirsh-Pasek: Sim, verdade. Mas a interação humana não é um ponto forte dos computadores. Os computadores serão sempre melhores a analisar padrões, a cruzar dados, mas o que é muito interessante é ver que mesmo as instituições mais avançadas estão a reverter esse “assalto” das máquinas. Há um hospital aqui em Filadélfia que está na liderança. O cuidado ao paciente é prioritário. Já se fala que o diagnóstico pode ser feito sem médicos, apenas com máquinas que analisam cada milímetro do teu corpo, mas já há alguns médicos a argumentar que um diagnóstico eficaz só pode ser feito por uma pessoa, porque apenas os humanos conseguem analisar, por exemplo, a influência das emoções no estado de saúde de alguém. Os computadores serão cada vez mais eficientes a estabelecer a correlação científica entre os dados recolhidos, mas o diagnóstico tem que ser feito por alguém que consiga olhar nos olhos de uma pessoa.

Golinkoff: Já se faz. E eu acho que estás a sobrevalorizar a necessidade de médico e paciente terem que estar no mesmo espaço físico para que um diagnóstico seja feito. Já se fazem consultas por videoconferência. Eu não estou a tentar ser demasiado pessimista, mas isto é o futuro. Muitas coisas serão automatizadas, mas ainda existirão coisas para as nossas crianças fazerem e ainda vamos precisar de médicos e advogados. Apesar de ser possível, hoje, fazer o download de vários tipos de contratos, ainda vamos precisar de advogados, porque nem tudo está previsto e haverá disputas sobre esses contratos. As pessoas têm todas expectativas diferentes.

"Lembram-se daquela cena na série de ficção científica Star Trek em que para averiguar o que há de errado com um dos soldados, um médico passa pelo corpo dele um instrumento que parece um detetor de metais mas era para detetar ferimentos internos? Nós estamos ai! Nós já estamos aí!"
Roberta Golinkoff, professora de linguagem e ciência cignitiva na Universidade de Delaware

Hirsh-Pasek: A faculdade de Medicina aqui em Filadélfia está a trabalhar sob uma assunção diferente. A atividade médica, para eles, não pode ser substituída por computadores. Agora estão a chamar artistas e criativos, porque os computadores conseguem analisar uma série de dados, mas não têm capacidade para individualizar. Eles podem dar-te um padrão: tens estes sintomas, então podes estar a sofrer de A, B ou C. Mas os médicos estão agora a entender que são precisas pessoas com capacidade para interpretar as interações entre humanos. Os professores também não serão substituídos, por exemplo, ou não na maioria das escolas e universidades, por muito que os cursos ensinados à distância sejam hoje uma realidade.

Golinkoff: Lembram-se daquela cena na série de ficção científica Star Trek em que, para averiguar o que há de errado com um dos soldados, um médico passa pelo corpo dele um instrumento que parece um detetor de metais, mas era para detetar ferimentos internos? Nós estamos aí! Nós já estamos aí! Mas, se aplicarmos os seis Cs na educação dos nossos filhos ainda será possível vermos crescer várias gerações de seres humanos aptos, competentes, responsáveis, cuidadosos uns com os outros.

E porque é que as escolas ainda não se adaptaram?
Golinkoff: Os sistemas de ensino, na maioria dos casos, nos países ocidentais, foram estabelecidos no século XIX. São estruturas imensas, demoram tanto a mudar como um cruzeiro demora a mudar de direção se tiver que o fazer. São estruturas pesadas, lideradas por algumas pessoas bastante tradicionalistas, que aprenderam muito da forma “normal” ou seja, memorização do conhecimento, e não lhes passa pela cabeça que seja possível uma criança safar-se na vida sem uma quantidade enorme de estudo, horas de leitura, escrita, escrita, escrita. O que é normal. Depois há a política. Em alguns países mais conservadores isto parece muito “new-age”, cobrir a sala de aula de folhas para explicar o que é um clima tropical é uma perda de tempo e dinheiro — e depois também há isso: os livros estão mais ou menos universalmente disponíveis em bancos de livros ou mesmo em bibliotecas, mas tecnologia é mais difícil, tal como viagens de estudo, mudar a sala de aula para imitar um certo país ou clima.

Quando é que entenderam que era necessário estruturar esse conhecimento de tantas décadas em seis competências específicas?
Hirsh-Pasek: Começou na minha sala, em 2008, com uma amiga próxima, a Liz Edersheim. Ora, a Liz é de marketing, do mundo dos negócios, uma protegida do Peter Drucker — o pai da disciplina de Gestão como hoje a conhecemos. Estávamos a falar e ela disse que o mundo dos negócios estava ávido de pessoas com um conjunto de competências que não estavam a ser ensinadas nas universidades. E eu disse: ‘espera, estás mesmo a dizer o que eu digo em todos os meus livros sobre desenvolvimento pedagógico?’. E pela primeira vez consegui entender que as empresas estavam precisamente à procura daquilo que nós estávamos sempre a defender. Liguei à Roberta e disse que tínhamos aqui muito material. Tentamos entender quais eram essas qualidades específicas que as empresas estavam à procura e começamos a desenvolver um modelo de aprendizagem focado na exploração dessas qualidades nos mais novos.

"O que acontece em dezenas de escolas pelo mundo todo é que ensinamos os miúdos a ler para que possam decorar informação e depois debitá-la para um teste trimestral ou assim. Não lhes dizem que há formas alternativas e perfeitamente aceitáveis de responder à mesma pergunta, não promovem a curiosidade nem obrigam ninguém a procurar, por exemplo, várias versões sobre a mesma notícia, ou a desenvolver novas soluções que ainda não foram testadas para problemas que sempre existiram".
Roberta Golinkoff, professora de linguagem e ciência cignitiva na Universidade de Delaware

E depois analisaram vários relatórios sobre o que é que vários empregadores em algumas das mais importantes empresas do mundo pediam como características principais aos seus potenciais colaboradores…
Golinkoff: Sim, e batia tudo certo. As cinco coisas mais procuradas, em 85% dos relatórios e inquéritos que consultamos eram: comunicação oral clara, boa comunicação escrita, capacidade de trabalho em equipa, profissionalismo e pensamento crítico. Logo a seguir estava a criatividade, a inovação e a empatia.

Uma coisa interessante do livro é que depois de identificadas essas seis competências vocês colocam-nas no quadro de evolução que observa quatro estágios de evolução para a implementação de cada um dos seis Cs. Podem escolher um dos Cs e explicar como evolui?
Golinkoff: Vamos analisar o pensamento crítico. E antes disso queria referir que os adultos também podem estar nos primeiros estágios, apesar de termos adaptado isto às crianças. Mas, por exemplo, há pessoas que acreditam que as vacinas causam autismo, há pessoas adultas que acreditam nisso ou que acreditam que há crocodilos nos esgotos de Nova Iorque. Essas pessoas estão no nível um: alguém te diz uma coisa e tu acreditas. No próximo passo as crianças começam a reconhecer que as verdades variam. Algumas pessoas acreditam nas mudanças climáticas, outras não. E, ouvindo as duas, a criança repara que as pessoas têm diferentes opiniões, mas não sabe ainda avaliar muito bem as diferenças entre ambas as ‘verdades’, apenas sabe que há várias versões. Neste patamar, a aprendizagem vai um pouco além da memorização, envolve um grau mínimo de questionamento e é aqui que o pensamento crítico começa.

No nível seguinte formam-se opiniões, com mais ou menos respeito pela ciência. Usamos muito aquela expressão ‘eles dizem que’… É uma frase terrível, porque apenas expressa a opinião instalada, a corrente de pensamento comum. O último nível é aquele no qual a maioria dos adultos se encontram, uns mais do que outros: conhecemos factos e podemos chamá-los à nossa argumentação em nosso favor, quando discutimos. Aqui reconhecemos que há assuntos que ainda estão em aberto e para os quais não há solução conhecida. É aqui que as pessoas ficam idealistas e querem quebrar o status quo. O conhecimento daquilo que está mal é essencial neste patamar, e aqui o conhecimento do mundo, ou seja, o conteúdo, torna-se muito importante, mas sem a capacidade crítica, a capacidade de pensar ‘não, isto não está bem só porque a maioria diz x ou z’, nada se faz.

Mas, então, este modelo até se pode aplicar aos adultos? Ou aos pais que querem educar os seus filhos segundo estes princípios? Ou mesmo as pessoas que perdem os seus empregos a meio da vida e precisam de se readaptar?
Hirsh-Pasek: Não pensámos nisso ao início, mas depois apercebemo-nos de que os pais estavam a aprender também com este modelo, porque começamos a receber centenas de e-mails que falavam disso mesmo: da forma como eles próprios estavam a utilizar o quadro dos 6 Cs para serem melhores pais e melhores profissionais. Tem sido muito gratificante. Por isso é que dissemos lá no início que é preciso aprender a aprender.

Golinkoff: Logo desde a infância temos que dar aos nossos filhos ferramentas de readaptação imediata: podem ser, por exemplo, competências na área das vendas, ensiná-los a ‘vender-nos’ um produto ou pode ser simpatia, para que consigam trabalhar numa receção de um hotel se for preciso, ou pode ser falar sobre a resiliência do ser humano, e da nossa facilidade de nos adaptarmos, ou pode ser ensinar-lhe três línguas diferentes para o caso de terem que imigrar. Mas o que acontece em dezenas de escolas pelo mundo todo é que ensinamos os miúdos a ler para que possam decorar informação e depois debitá-la para um teste trimestral ou assim. Não lhes dizem que há formas alternativas e perfeitamente aceitáveis de responder à mesma pergunta, não promovem a curiosidade nem obrigam ninguém a procurar, por exemplo, várias versões sobre a mesma notícia, ou a desenvolver novas soluções que ainda não foram testadas para problemas que sempre existiram.

Hirsh-Pasek: Todos nós podemos avaliar-nos nesta tabela: ‘será que sou um bom membro de uma equipa ou, por outro lado, prefiro trabalhar sozinha porque estas pessoas não sabem o que estão a fazer?’ ou ‘será que sou bom comunicador? Ofereço algo de novo quando falo, quando escrevo, por exemplo, como jornalista?’ ou ‘sou uma pessoa que sabe tudo e mais alguma coisa sobre tecnologia mas não consigo explicar à minha mãe, com calma, como enviar uma fotografia?’. Não conseguimos estar no topo em todas os Cs, acho que ninguém consegue. Por isso é que estamos sempre a dizer que o trabalho de equipa é tão importante.

"Quando o meu filho mais velho mais velho tinha quatro anos chegou ao pé de mim na sala e disse-me que todos os veículos têm rodas. E eu pensei, bom, não, os barcos não têm rodas, normalmente. Pedi-lhe provas. E ele pôs-se a pensar, a pensar, sentado no sofá. Depois subiu até ao escritório e trouxe para baixo um exemplar de uma banda desenhada em que um amigo quer oferecer um barco a outro amigo e a forma que a personagem arranja de levar o barco até ao amigo é colocá-lo em cima do carro. Aqui está um miúdo de quatro anos que foi buscar um livro para apresentar provas da sua posição".
Kathy Hirsh-Pasek, psicóloga educacional e autora de 14 livros sobre educação na infância

E é por isso que argumentam que uma pessoa que só tem 20 valores a tudo pode não ser uma pessoa com grande sucesso profissional?
Golinkoff
: Sim, é isso. E não é assim tão raro pessoas com notas muito acima da média serem muito infelizes nos seus trabalhos ou simplesmente serem despedidas. No futuro, quem for um individualista, quem não quiser dividir tarefas, quem não souber comunicar de forma clara ou for um parvo insensível para os colegas não vai ter emprego num mundo cada vez mais global, que irá necessariamente incluir muita, muita gente de muitas partes do mundo, com as quais um norte-americano numa cidade média pode nunca ter tido contacto. A tecnologia é um campo onde haverá emprego, porque tudo é dirigido por software. Mas muitas pessoas em Silicon Valley perdem o seu emprego todos os dias porque se consideram génios enfiados nos seus computadores e não apresentam vontade alguma de ser parte de uma equipa, de dividir os sucessos com a equipa, de apresentar soluções de como melhorar a experiência do utilizador.

Então substituiremos a disciplina “História do século XX” por “como encontrar conteúdo fiável no Google”?
Hirsh-Pasek: Não. A memoria, a matemática, a literacia e a história serão sempre importantes. O “c” de “conteúdo” é muito importante, é o centro do nosso modelo. A História, por exemplo, é muito mais relacionar factos e descobrir ligações entre causas e consequências do que é decorar coisas. Os padrões ajudam os alunos a encaixar outros factos. Por isso, quando ensinamos estamos a pedir que os alunos prestem atenção não apenas aos factos memorizados mas às narrativas que eles nos permitem contar numa forma dinâmica de relacionar factos. Quando entendemos os padrões, em vez de meramente o facto, podemos usar a História como um guia para como formar governos que não repitam erros. Ao contrário, estaremos a sacrificar o “pensar” em prol do “memorizar”. Sem conteúdo, sem conhecimento, não podemos criar nada novo.

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