Muita coisa aconteceu em Portugal (e no mundo) durante o último ano, e a maioria dos portugueses já terá esquecido, mas o PS passou, entre 2011 e 2015, a atacar o governo do PSD e do CDS por não fazer crescer a economia portuguesa. João Galamba, Pedro Nuno Santos e outros acusavam o governo de então de nada fazer para promover o crescimento. António Costa deu voltas e voltas a Portugal a prometer crescimento e mais crescimento. O PS, o BE e o PCP atacavam a “austeridade” acusando-a de impedir o crescimento económico. Antes das eleições, Costa criou um grupo de trabalho, cheio de economistas brilhantes, para apresentar um programa de crescimento ao país. Na campanha eleitoral, garantiu aos portugueses, um crescimento de 2,5% com um governo socialista. Em suma, a mensagem foi a seguinte: a direita equivale a “austeridade”; a esquerda significa crescimento.

Entre as esquerdas nacionais e muitos jornalistas, instalou-se uma “verdade absoluta”: com austeridade não há crescimento económico. Por isso, para a economia crescer é necessário acabar com a maldita “austeridade”. Entretanto, formou-se a geringonça, o governo acabou com a “austeridade” e anunciou o crescimento. Mas o crescimento nunca mais chega. Pelo contrário, está sempre a descer. Todos os trimestres, desce mais um pouco. Eis, uma boa definição para este governo: o governo do crescimento que desce. E tanto desce que o crescimento em 2016, o ano da anti-austeridade, será menor do que em 2015, um ano de “austeridade”. Este governo terá que explicar aos portugueses, por que razão a economia cresceu mais com “austeridade” do que sem austeridade? Estou certo que todos os portugueses querem saber a resposta. Repito: por que razão a “austeridade” promoveu mais crescimento económico do que o fim da austeridade?

O anterior governo percebeu o óbvio. Uma economia endividada não produz riqueza. Qualquer português percebe que se ganhamos dois e gastamos três, não produzimos riqueza. Na primeira década deste século, houve em Portugal um enorme desiquilíbrio entre a criação de riqueza e o consumo. O resultado foi o endividamento e uma balança comercial altamente negativa. O anterior governo começou a corrigir estes desiquilíbrios. Foi à custa de rendimentos e do poder de compra. Mas não há milagres e a verdade é que o crescimento económico regressou gradualmente, como se sentiu em 2015. A prazo, teríamos uma economia mais saudável e a crescer de um modo consistente.

Chegou a geringonça, com a promessa de um enorme crescimento. Os portugueses acreditaram, aumentaram o consumo (por isso, as importações cresceram) e gastaram as poupanças. No Portugal governado pelas esquerdas, só o défice e a dívida é que crescem. A incapacidade de colocar a economia a crescer mostra dois pontos óbvios sobre o governo socialista.

Em primeiro lugar, este governo não tem um programa para quatro anos. Quer ficar no poder quatro anos, ou mais, mas programa de governo para esse tempo não tem. Atacar a “Europa” e culpar o anterior executivo não é um programa de governo e não vai durar quatro anos. Além disso, continuar a aumentar os rendimentos através de políticas públicas também não é solução. Não há dinheiro para isso, nem em Portugal nem na Alemanha.

Em segundo lugar, será a economia a derrotar este governo. Não serão as finanças públicas, nem a Europa. Já se percebeu que há pragmatismo suficiente entre a geringonça para aprovar orçamentos que Bruxelas aceite. Mas o que poderá fazer um governo que chegou ao poder a prometer um crescimento económico de 2,5% e depois não chega ao 1%? António Costa prometeu o fim da austeridade e o crescimento económico. Vai acabar com o regresso à austeridade e sem crescimento. O Presidente da República já percebeu e já começou a enviar recados.

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