O México já tinha alertado no final de 2013, mas a crise tem vindo a atingir os Estados Unidos e pode tornar-se global: as limas estão a escassear. Mau tempo, uma epidemia e a pressão de cartéis de droga sobre os produtores são as causas para que o fruto tenha passado de cerca de 40 dólares o pacote (de 18 kg) em fevereiro para mais de 100 dólares em abril.

“Não temos muita escolha senão pagar. Uma margarita faz-se com sumo de lima. Nunca utilizaríamos limões ou sumo de lima engarrafado, que é pasteurizado e não tem o mesmo sabor”, disse ao New York Times Phil Ward, dono de um bar nova-iorquino especializado nestas bebidas mexicanas. É nesse mercado que a escassez de limas mais se tem feito notar, levando a um aumento de preços nas bebidas à base deste fruto, mas também em alguns pratos de origem mexicana que requerem lima.

Os americanos gastam 2,9 mil milhões de dólares por ano em margaritas e 97% das limas que chegam aos Estados Unidos provêm do México, o maior produtor mundial. Tipicamente, os preços da lima sobem entre janeiro e março devido a uma menor colheita, mas chuvas particularmente fortes em novembro e dezembro de 2013 provocaram uma escassez que levou a uma redução de dois terços nas exportações de lima para os Estados Unidos.

Além disso, a produção mexicana tem vindo a ser afetada por uma epidemia desde 2009, conhecida como huanglongbing, que mata as limeiras – a árvore de onde nascem as limas.

Por outro lado, os cartéis de droga mexicanos decidiram também entrar no negócio das limas, extorquindo os produtores, ameaçando-os, subornando-os e recorrendo mesmo ao rapto e ao assassinato para receberem uma fatia do negócio. O método é descrito por Jesús – nome fictício -, um produtor de abacates (outro negócio tomado pelos cartéis) da região de Michoacán, no sudoeste do México. Os traficantes ligam aos produtores, exigindo uma comissão por cada quilo vendido e por cada hectare de terra. Caso os agricultores tentem negociar ou recusar, os traficantes raptam pessoas e matam-nas, apropriando-se de seguida das suas terras. Jesús perdeu dois filhos assim. “Exigiram-me um milhão e meio de dólares. Vendi tudo o que pude, a minha casa, o meu carro, tudo”, conta. Não foi suficiente, pois o cartel não lhe chegou a devolver os filhos.

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