Desde o Sudão do Sul — onde milícias mataram seis funcionários humanitários em agosto, incluindo três numa emboscada –, até Gaza — onde 11 funcionários da ONU perderam a vida no bombardeamento de abrigos com refugiados palestinianos –, os funcionários humanitários vivem sob perigo.

Em dez anos, o número de mortos em ataques triplicou para cerca de uma centena por ano, segundo responsáveis da ONU.

Entre os países mais perigosos estão o Afeganistão, o Sudão do Sul e a Síria.

“Há 15 anos, o principal perigo para os trabalhadores humanitários decorria dos acidentes de viação, agora surge da violência”, explica Bob Kitchen, da organização não-governamental International Rescue Committee (IRC).

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O IRC, presente em cerca de 40 países, perdeu 12 funcionários em seis anos, incluindo cinco executados pelos talibãs em 2011 e dois mortos em abril passado no ataque a uma base da ONU em Bor (Sudão do Sul).

Bob Kitchen atribui o elevado balanço à mudança da natureza dos conflitos, com cada vez mais civis a serem deslocados pelos combates.

Grupos armados como o Estado Islâmico no Iraque consideram legítimo atacar os funcionários de ONG, seja para ganharem dinheiro facilmente ou para se vingarem de pessoas, que nas suas opiniões apenas ajudam os inimigos.

“Cada vez mais frequentemente, os combatentes violam as leis de guerra para realizar os seus objetivos políticos”, lamentou John Ging, diretor de operações do departamento de coordenação de assuntos humanitários da ONU.

O Conselho de segurança vai debater, na terça-feira, a proteção dos trabalhadores humanitários, por ocasião do Dia Mundial Humanitário que lhes é dedicado, o qual coincide com o 11.º aniversário de um atentado em Bagdade, que causou a morte de 22 funcionários das Nações Unidas.