Ainda não foi desta, mas está quase. O Comité de Ética e Disciplina da FIFA entregou esta sexta-feira um relatório, de 350 páginas, com as conclusões da investigação aos processos que deram à Rússia e ao Qatar a organização dos Mundiais de 2018 e 2022. Logo, a decisão final da entidade que gere o futebol internacional deverá ser conhecida em breve — e os EUA já disseram que, caso seja necessário, estão dispostos a serem os anfitriões do próximo Campeonato do Mundo.
A investigação, conduzida no último ano por Michael Garcia, um juiz norte-americano, centrou-se nos alegados subornos no processo de votação (realizado em 2010) que entregou à Rússia e ao Qatar os dois próximos Mundiais. No total, informou a FIFA, foram ouvidas “mais de 75 testemunhas” e compiladas “200 mil páginas de material relevante” para a investigação.
Statement issued by the independent Ethics Committee's investigatory chamber on Inquiry into the 2018/22 bid process: http://t.co/G2QuRGVfVJ
— FIFA Media (@fifamedia) September 5, 2014
Em junho, aliás, o Sunday Times afirmou estar em posse de uma série de documentos que provavam o envolvimento de Mohammed Bin Hamman, antigo vice-presidente da FIFA, num esquema de subornos e pagamentos — que totalizariam os 3,7 milhões de euros — na aprovação das candidaturas vencedoras. No mesmo mês, recorde-se, várias empresas parceiras da FIFA avisaram a entidade que era necessário investigar estas alegações.
O organismo, entretanto, garantiu que não divulgará publicamente o relatório e que apenas dará a conhecer a decisão final que tomará com base nas suas conclusões. Apesar de não especificar, a FIFA referiu esta segunda-feira, em comunicado, que a investigação sugere “que se tomem medidas contra certos indivíduos” e fez “recomendações para futuros processos de candidatura” para a organização de Campeonatos do Mundo.
Uma área na qual os EUA querem ver a FIFA a atuar. Sunil Gulati, presidente da Federação Norte-Americana de Futebol, sublinhou na quinta-feira a vontade do país em voltar a acolher um Mundial — como o fez em 1994 –, embora ressalvando que “é preciso realizar várias mudanças ao processo”.
E questionado sobre se o país organizaria o Mundial de 2018 caso este fosse retirado à Rússia, o dirigente respondeu que os EUA “têm, sem dúvida, as condições necessárias” para o fazer. “As nossas infraestruturas são melhores do que a maioria que existe no mundo”, defendeu, antes de lembrar que o Campeonato do Mundo de 1994 “foi o mais bem-sucedido de sempre”, em termos do “número de adeptos” e do “legado que foi deixado” pela prova.
Em último caso, a FIFA poderá retirar a organização do Mundial à Rússia. Mesmo que não o faça, a União Europeia (UE) já estará a planear um boicote à prova, devido ao conflito que decorre entre o país e a Ucrânia. E ao reagir à informação avançada pela France Presse, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Emídio Guerreiro, afirmou à Lusa que Portugal seguirá “aquilo que forem as orientações e decisões tomadas no âmbito da UE”.