Corrupção, subornos e Qatar. A polémica em torno da atribuição do Mundial 2022 à nação árabe não tem deixado a FIFA descansar. Na passada semana, o Sunday Times afirmou estar em posse de documentos que provam que Mohammed Bin Hamman, ex-membro executivo da entidade, terá utilizado cerca de 3,7 milhões de euros para comprar votos favoráveis à candidatura qatari. A FIFA não reagiu. E agora os principais patrocinadores da organização decidiram chamar a atenção e alertar para os possíveis danos que esta suspeitas podem criar.

O primeiro aviso foi lançado pela Sony. “Esperamos que estas alegações sejam investigadas investigadas apropriadamente. Continuamos à espera que a FIFA adira aos seus próprios princípios de integridade, ética e fair play”, sublinhou ao mesmo Sunday Times, no domingo, um porta-voz da marca.

O exemplo estava dado e, esta segunda-feira, outras duas marcas comunicaram à FIFA a importância de analisar as denúncias ligadas à atribuição da organização do Mundial 2022 ao Qatar.

A Adidas, marca desportiva alemã que detém a mais longa parceira com a entidade que gere o futebol internacional, sublinhou que “o tenor negativo do debate público à volta da FIFA não é bom para o futebol nem para os seus parceiros”, de acordo com o The Guardian. Depois foi a Visa a revelar que “está à espera que a FIFA tome as medidas apropriadas” para lidar com as investigações à alegada corrupção na escolha do Qatar como anfitrião de um campeonato do mundo.

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Estes avisos deverão soar alguns alarmes na FIFA, pois, em conjunto, segundo o The Independent, os contratos de publicidade com as três empresas já lhe terão rendido cerca de 132 milhões de euros. No total, a FIFA regista receitas a rondar os 1,1 mil milhões de euros por cada ciclo (quatro anos) de um Mundial de futebol. A Emirates, a Hyundai/Kia e a Coca-cola, as outras marcas com ligações à FIFA, ainda não se pronunciaram.

As reações das empresas surgem pouco tempo antes da altura prevista para a divulgação dos resultados de uma investigação à atribuição dos Mundiais de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar). Michael Garcia, responsável pela investigação, já referiu que o documento deverá ser apresentado ao Comité de Ética e Disciplina da FIFA, a meio de julho.

Na passada semana, o Sunday Times, citando fontes da entidade, avançou que este comité se terá recusado a analisar os documentos obtidos pelo jornal – que alegadamente provam a existência de subornos pagos por Mohammed Bin Hamman a vários membros de associações de futebol das Caraíbas, em troca de votos favoráveis à candidatura qatari.