As ações do BCP estão a oscilar entre ganhos e perdas expressivas na primeira sessão bolsista após a notícia do chumbo nos testes de stress do BCE. Os títulos abriram em terreno positivo mas inverteram a tendência ao final da primeira hora de negociação. Chegaram a cair mais de 5% mas, pelas 9h45, estavam novamente a negociar em alta, com os analistas a acreditarem que não haverá necessidade de medidas como um aumento de capital.

Os títulos do BCP na bolsa de Lisboa estão a subir 0,4% para 9,5 cêntimos, num início de sessão marcado por uma elevada volatilidade. Os títulos chegaram a negociar nos 10,13 cêntimos nos primeiros minutos da sessão na bolsa de Lisboa mas, pelas 8h45, desciam mais de 5%. Já foram negociadas mais de 37 milhões de euros em ações em menos de duas horas.

Esta está a ser a reação das ações à informação de que o banco não cumpriu os rácios de capital mínimos no cenário adverso simulado nos testes de stress do BCE. O banco garante, contudo, estar “confiante” de que as medidas já tomadas desde o início do ano fazem com que não sejam necessárias mais medidas, um otimismo partilhado pelo Banco de Portugal.

Os testes de stress foram realizados sobre o balanço do banco a 31 de dezembro de 2013. O banco já tomou um conjunto de medidas, em especial o aumento de capital realizado em julho, que devem garantir que o banco não necessita de vender mais ativos ou fazer novo aumento de capital. Estas medidas farão parte do plano que o BCP apresentará ao longo das próximas duas semanas ao Mecanismo Único de Supervisão, o organismo tutelado pelo BCE que passa a ser responsável pela supervisão dos maiores bancos da zona euro. A expectativa do Banco de Portugal e dos investidores e analistas é que o plano será aprovado e que, portanto, o BCP não necessita de reforçar os capitais próprios como consequência do resultado nos testes de stress.

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O risco de o banco ter de tomar mais medidas, nomeadamente um novo aumento de capital que diluiria o valor das ações existentes, vinha pressionando os títulos na bolsa de Lisboa nos últimos dias. “Acreditamos que a descida das ações da sexta-feira aconteceu porque o mercado estava a antecipar a necessidade de um aumento de capital de cerca de 900 milhões de euros, após o resultado da avaliação do BCE, um cenário que não se materializou”, dizem analistas do BPI em nota de análise enviada aos clientes esta segunda-feira. Os analistas esperam, por isso, que as ações tenham uma “reação positiva” nos próximos dias.

Além disso, os analistas do BPI dizem que os resultados dos primeiros nove meses do ano (cuja divulgação o banco antecipou para domingo) trouxeram “muito boas notícias quanto aos níveis de capital do banco”, em parte graças à contabilização dos impostos diferidos como créditos fiscais, uma medida do governo que libertou capital nos bancos e que beneficiou, em particular, o BCP. Pela negativa, a margem financeira do banco no período em análise ficou “um pouco abaixo das expectativas”, diz o BPI.