Pode George Clooney vir a concorrer para o Presidente dos Estados Unidos? A pergunta tem circulado nos últimos tempos pela imprensa internacional e também nas redes sociais — no Twitter existe, inclusive, a hashtag #Clooney2016. A teoria tem ganho contornos mais interessantes depois do casamento que marcou o passado mês de setembro, entre a estrela de cinema e Amal Alamuddin. A imagem em torno da dupla traz de volta ao debate mediático uma eventual corrida política protagonizada por Clooney: ele, de 53 anos, é politicamente ativo e ela, de 36, é uma advogada na área dos direitos humanos.

Será o próximo John F. Kennedy? A pergunta foi colocada no início de outubro pelo Daily News – uma das várias publicações que faz eco da dúvida que já se instalou nos EUA. Isto porque a união “perfeita”entre a estrela de cinema e Amal Alamuddin resulta do “elevado sentido de estilo” e da “habilidade política” do casal.

Uma das maiores casas de apostas no Reino Unido, William Hill, garante que as probabilidades de Clooney seguir os passos do carismático Presidente Kennedy, a caminho da Casa Branca, estão a ficar progressivamente melhores e passaram de 1 em 200, antes do casamento, para 1 em 100, depois do casamento, dizia o Washington Examiner, que cita o respetivo porta-voz, no início do mês.

O certo é que a ligação à política não é nova. Há dois anos Clooney foi detido por desobediência civil no exterior da Embaixada do Sudão, em Washington DC, e chegou a financiar a própria missão de drones com o intuito de reportar atrocidades de guerra cometidas na Síria. Mas enquanto as dúvidas não se dissipam, o Twitter vai manifestando opinião através da hashtag #Clooney2016.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2012, a Reuters explicava que Clooney é um primo distante do Presidente Abraham Lincoln, além de que o seu pai chegou a concorrer ao Congresso em representação do Kentucky, embora sem sucesso. E não esquecer que o ator já premiado com um Óscar tem uma longa relação de apoio com o partido democrata, tendo participado na campanha de reeleição de Barack Obama, em 2012, de quem se considera um amigo próximo.

Já a mulher, de origem britânica e libanesa, tem outros trunfos na manga. É muito reconhecida no papel de advogada e representou em tempos o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, bem como a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko. Como se isso não bastasse, aparece lado a lado com a rainha Isabel II numa lista que o Telegraph publicou no final de setembro e de onde constam os nomes das 100 mulheres melhor relacionadas no Reino Unido.

Posto isto, até que ponto podem as especulações ter contornos reais? Peritos políticos, consultados pelo Daily News, afirmam que interpretar o papel de um político é bem mais fácil do que entrar nos bastidores do “jogo”. “Clooney consegue ter mais impacto enquanto artista e ativista do que consegue na política”, disse Rich Neimand, consultor político em Washington e ex-consultor associado ao partido democrata. “Ele não é um ator [de categoria] B como Ronald Reagan que precise de outra carreira”.

Também a contrapor a teoria está o blogue Reliable Source associado ao Washington Post. “É verdade, Clooney tem atributos que fariam dele um candidato respeitável: bom aspeto, dinheiro, uma história de ativismo em nome de causas africanas e a uma amizade com o atual ocupante da Casa Branca”, escreve Emily Heil.

A autora do artigo explica também que vários peritos em política argumentam que a estrela não se vai submeter ao cargo em questão,  incluindo a democrata Donna Brazile que odeia admitir que nunca poderá votar em Clooney: “Consegue imaginá-lo a visitar todos os 99 condados do Iowa, a sentar-se em sofás ou em pistas de bowling a explicar o seu ponto de vista sobre a composição genética do milho? (…) É isso que é preciso”. Já Karen Finney, analista política do canal norte-americano MSNBC, considera que o ator pode ter mais impacto em assuntos nos quais está envolvido enquanto celebridade endinheirada.

A Vanity Fair também pegou no tema e aproveitou para brincar com as “qualificações” de Clooney: o conhecimento adquirido em relações internacionais provem do trabalho humanitário feito no Darfur e a bagagem em história contemporânea deriva do papel desempenhado no filme The Monument Men: Os Caçadores de Tesouros. Ainda no âmbito da carreira cinematográfica, Clooney será, muito provavelmente, a favor da Nasa depois de ter participado na longa-metragem Gravidade.

Dito isto, importa referir que em maio os rumores eram outros. Diversas publicações internacionais colocavam o ator no cargo de governador da Califórnia, cadeira onde já antes se sentaram Ronald Reagan (1967-1975) e Arnold Schwarzenegger (2003-2011). O Telegraph dizia, então, que Clooney estava a ser sondado pelo partido democrata. Já o Mirror escrevia que estava a planear lançar uma carreira política depois de se casar com a advogada britânica Amal Alamuddin. Entretanto, Clooney desmentiu os boatos que o colocavam na corrida ao senado ou ao comando do estado da Califórnia, garante ainda o Daily News.