Segundo a ‘Opinião de Crédito’, a última nota de análise sobre Moçambique, e a que a Lusa teve acesso, o país vai crescer acima de 8% nos próximos dois anos, tendo a seu favor as “perspetivas favoráveis de médio prazo, alimentadas pela exploração dos substanciais recursos naturais”, a estabilidade política exponenciada pela supervisão do Fundo Monetário Internacional e os baixos custos do serviço da dívida, apesar dos níveis relativamente altos da dívida pública.

Do lado dos aspetos menos negativos, a Moody’s salienta a pequena e pouco diversificada economia e os altos níveis de pobreza e fraco PIB, a fraca força fiscal, caracterizada pelos altos níveis de dívida pública e défices fiscais como resultado das necessidades de infraestrutura, a baixa capacidade institucional e os moderados riscos políticos, resultantes das tensões sociais e políticas, que podem ser exacerbadas em caso de má gestão das receitas provenientes dos recursos naturais.

Esta ‘Opinião de Crédito’, que não constitui qualquer mudança relativamente ao ‘rating’ do país (B1), sendo apenas um comentário da Moody’s, explica que as razões da avaliação assentam essencialmente em quatro fatores: baixo nível de força económica, baixo nível de força institucional, baixo nível de força fiscal e um nível moderado de suscetibilidade a um evento de risco.

Sobre a força económica, a Moody’s diz que a avaliação “reflete a pequena dimensão da economia de 15 mil milhões de dólares, um muito baixo PIB per capital (cerca de mil dólares) e uma estrutura muito centralizada da sua economia, com a agricultura de subsistência a representar a maioria do emprego”.

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Ainda assim, os analistas da agência de notação financeira notam que “a perspetiva de crescimento a curto e médio prazo é muito favorável”, lembram que Moçambique cresceu, em média, 7,5% ao ano desde 2002 e esperam que os recursos naturais forneçam um impulso importante para o crescimento da economia e das exportações.

Sobre a força institucional, o segundo item de análise, a Moody’s explica que o país tem um desempenho fraco nos indicadores internacionais, estando melhor que os seus pares regionais apenas “em termos de estabilidade política, que por seu turno tem contribuído para melhorar a continuidade das políticas e a gestão económica”.

A força fiscal é “baixa” por causa dos altos níveis de dívida pública: o défice estrutural está nos 4 a 5% do PIB nos últimos anos, refletindo o forte nível de despesa pública que arrasta o défice orçamental para valores na ordem dos 10%.

Para o futuro, os analistas esperam que a despesa pública contine elevada por causa das necessidades do país em infraestrutura, mas notam que o investimento dos privados, nomeadamente as grandes multinacionais que exploram os recursos naturais, pode ajudar a equilibrar o orçamento, substituindo-se, ou pelo menos equilibrando as contas, dos investimentos públicos.

Sobre o último item de análise que sustenta o rating de B1 – a suscetibilidade ‘moderada’ a um evento de risco -, a Moody’s diz que isto acontece porque os riscos de liquidez do Governo surgem da combinação de altas necessidades de financiamento com a exposição aos riscos da moeda estrangeira, mas no que diz respeito à exposição a um evento de risco político a avaliação é ‘baixa’ porque mesmo em tempo de confrontos entre a Frelimo e a Renamo, o impacto na economia foi limitado.