Na missiva, divulgada por um dos seus advogados, Wilson justifica a demissão, com efeitos imediatos, com razões de segurança.
“Esperava continuar o meu trabalho na polícia, mas a segurança de outros agentes e da comunidade revestem-se de grande importância para mim”, sublinha Darren Wilson, na carta endereçada à polícia, citada pelo jornal St. Louis Post-Dispatch.
Esta semana, em entrevista à cadeia televisiva ABC, o agente lamentou o sucedido, mas afirmou estar de “consciência tranquila” e que voltaria a atuar da mesma forma porque temeu pela sua própria vida.
A decisão de um júri de não avançar com acusação contra Darren Wilson, de 28 anos, que matou Michael Brown, de 18 anos, a 09 de agosto, desencadeou uma onda de protestos em Ferguson, no estado do Missouri, que acabaram por se estender a todo o país.
Isto apesar de estar em curso uma dupla investigação independente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no sentido de apurar se houve uma violação de direitos civis no caso e se a polícia local mantém práticas discriminatórias.
Este sábado, ativistas de direitos civis iniciaram uma marcha de sete dias, de 192 quilómetros, intitulada “Jornada pela Justiça”, que partiu do subúrbio de St. Louis rumo à capital do estado do Missouri, Jefferson City.
Um grupo composto por uma centena de manifestantes, muitos oriundos de outros estados norte-americanos, espera reunir o apoio de milhares de pessoas às suas reivindicações durante o percurso da marcha, as quais incluem a destituição do chefe da polícia de Ferguson, a realização de amplas reformas nacionais na polícia e um apelo para o fim da discriminação racial.
Dois autocarros acompanham a iniciativa pacífica organizada pela Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês).
Após a tranquilidade vivida na quinta-feira, Dia de Ação de Graças, na noite de sexta-feira, centenas de pessoas voltaram a manifestar-se junto à sede do Departamento da Polícia de Ferguson e pelo menos 15 foram detidas pelas autoridades.
Este sábado, as ruas de Ferguson e de outras cidades, como Washington, onde os manifestantes cortaram o trânsito em Georgetown, voltaram a encher-se.
O caso de Ferguson, que desencadeou massivos protestos, veio reabrir dois debates chave nos Estados Unidos: a discriminação racial e a violência policial.