Podia ser um trecho do filme “Top Gun”, mas é um assunto sério. As Forças Armadas da Noruega publicaram um vídeo no domingo onde se vê um jato russo passar muito, muito perto de um F-16 norueguês, conta o Wall Street Journal. O risco de colisão existiu, naturalmente.
Este não foi um caso isolado. A Noruega, tal como aconteceu com Portugal (já lá vamos), registou 43 voos russos no espaço aéreo do país durante 2014 — em 2013 foram detetados 41. A NATO viu-se obrigada até a alertar para os riscos para a aviação civil, que é colocada em causa pelo avolumar de aviões russos nos céus dos países europeus e do Báltico. O sentimento da Guerra Fria volta a pairar em pleno século XXI.
“Mas que raio”, terá dito o piloto do F-16 norueguês. As preocupações tinham razão de ser. Afinal, o MiG-31 russo passou a menos de 20 metros. Vinte. “Poderia ter havido colisão”, começou por dizer Brynjar Stordal, o porta-voz das Forças Armadas da Noruega. “O piloto teve uma reação espontânea no vídeo, e o comentário e a manobra evasiva indicam que isto é indesejável… Não sabemos se isto foi um erro do piloto russo ou se foi um sinal de um comportamento mais agressivo por parte dos russos.”
“Isto era muito habitual na guerra fria”
No final de outubro, também a Força Aérea portuguesa (FA) anunciou que intercetou dois bombardeiros russos (Tu-95 “Bear”) na costa de Portugal. Nos últimos dois dias de outubro foram, aliás, detetados no espaço aéreo europeu 19 aviões russos.
“Após realizado o reconhecimento visual, as aeronaves foram identificadas como sendo Bombardeiros Tu-95 “Bear”, de nacionalidade russa, que, entretanto, mudaram o rumo para norte, tendo sido escoltados até à sua saída do espaço aéreo de responsabilidade nacional”, comunicou na altura a FA. Os aviões russos não estavam identificados e não tinham plano de voo autorizado, segundo o Observador apurou, representando assim uma ameaça para a aviação civil nacional. Os F-16 portugueses, que descolaram da base aérea de Monte Real, fizeram identificação visual dos aparelhos e escolta até estes rumarem à zona oeste do Reino Unido.
Segundo fonte militar contactada na altura, há cerca de 25 anos que a Força Aérea não se via envolvida numa situação deste género. “Isto era muito habitual na Guerra Fria e até durante uns anos depois da queda do muro de Berlim”, disse a mesma fonte. Contudo, desde essa altura que os aviões militares portugueses (ainda não os F-16, pois só foram comprados em 1994) não intercetavam aviões russos. Veja aqui os aviões russos intercetados em Portugal.