O ministro dos Negócios Estrangeiros declarou este domingo que o avanço dos extremistas islâmicos no norte de África “é um problema europeu” e que a situação na Líbia, de onde Itália retirou a sua representação diplomática, “é muito complexa”.

O ministro português, Rui Machete, defendeu o avanço dos fundamentalistas islâmicos como “um problema europeu” quando questionado em Roma sobre as ameaças do movimento jihadista na Líbia ao ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), que classificou o chefe da diplomacia italiana um alvo a abater.

A posição dos extremistas surgiu depois de o MNE italiano, Paolo Gentiloni, defender que o avanço dos fundamentalistas islâmicos da Líbia não podia ser encarado como um problema só da Itália pela proximidade geográfica.

Rui Machete disse que, mesmo depois de o Estado Islâmico ter declarado a Península Ibérica como alvo das suas ações, Portugal não tem, para já, motivos para alterar o seu estado de alerta em relação ao terrorismo.

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“Pensamos que não há neste momento razões para ter algum especial alarme, mas temos que estar vigilantes”, afirmou.

Machete reúne-se na segunda-feira com o seu homólogo italiano, um encontro que já estava previsto e que não decorre dos recentes acontecimentos, como a retirada da representação diplomática italiana da Líbia ou os atentados na Dinamarca, sublinhou o ministro português.

“Tenho amanhã uma reunião, mas não é na sequência disto, já estava previsto. O terrorismo é um fenómeno infelizmente suficientemente importante para não estar alheio às conversas que os MNE europeus nas suas relações bilaterais têm. É natural que seja abordado, mas não foi por causa deste atentado”, disse.

Machete sublinhou ainda que a embaixada portuguesa na Líbia “tem praticamente as suas atividades suspensas e não tem pessoal diplomático” e que Portugal tem uma enviada especial na Tunísia que é também a embaixadora na Líbia que mantém o país informado sobre “a evolução de uma situação que é infelizmente muito complexa e muito difícil”.

A embaixada de Itália em Tripoli, uma das últimas missões diplomáticas europeias naquele país conturbado, foi fechada hoje e os seus colaboradores repatriados, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano.

No total, cerca de 100 italianos foram evacuados da Líbia por barco, escoltado pela marinha de guerra italiana, disseram várias fontes à AFP.

O governo italiano reafirmou hoje que estava disposto a liderar uma coligação internacional contra os jihadistas na Líbia, sendo a primeira medida repatriar os seus cidadãos do país norte-africano.

Já na sexta-feira, Roma alertou os seus cidadãos para não viajar para a Líbia e instou aos que já lá estavam a deixar o país face à crescente insegurança, com os jihadistas a ganhar terreno.

A ministra da Defesa, Roberta Pinotti, disse em entrevista publicada hoje ao jornal Il Messaggero que a Itália estava pronta para liderar uma coligação europeia para defender o avanço dos jihadistas na Líbia.

No sábado, a Itália, parceira preferencial da Líbia, disse estar alarmada com a onda de jihadistas na Líbia e expressou a sua disponibilidade para “combater” o terrorismo no quadro da ONU, exortando a Europa a incluir como prioridade a crise na Líbia.