A embaixada de Itália em Tripoli, uma das últimas missões diplomáticas europeias naquele país conturbado, foi fechada este domingo e os seus colaboradores repatriados, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano. Ao todo, cerca de 100 italianos foram evacuados da Líbia por barco, escoltado pela marinha de guerra italiana, disseram várias fontes à AFP.

O governo italiano reafirmou que estava disposto a liderar uma coligação internacional contra os jihadistas na Líbia, sendo a primeira medida repatriar os seus cidadãos do país norte-africano.

Já na sexta-feira, Roma alertou os seus cidadãos para não viajar para a Líbia e instou aos que já lá estavam a deixar o país face à crescente insegurança, com os jihadistas a ganhar terreno.

A ministra da Defesa, Roberta Pinotti, disse em entrevista publicada hoje ao jornal Il Messaggero que a Itália estava pronta para liderar uma coligação europeia para defender o avanço dos jihadistas na Líbia.

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No sábado, a Itália, parceira preferencial da Líbia, disse estar alarmada com a onda de jihadistas na Líbia e expressou a sua disponibilidade para “combater” o terrorismo no quadro da ONU, exortando a Europa a incluir como prioridade a crise na Líbia.

“O governo italiano teve conversas com líderes europeus, e com a comunidade internacional, sobre estas questões. Não devemos adormecer sobre algo que é muito sério e não é justo deixar à Itália sozinha sob o pretexto de que estamos mais perto “, disse o presidente Matteo Renzi no canal público TG1.

“Precisamos de uma missão da ONU mais forte. A Itália está pronta, como parte de uma missão da ONU para cumprir seu papel de defender uma ideia de liberdade na região do Mediterrâneo”, acrescentou.

Numa entrevista à cadeia SkyTg24, o chefe da diplomacia italiana, Paolo Gentiloni, disse que “a Itália está pronta para lutar no âmbito do direito internacional”, e acrescentou que o país seria um dos primeiros a participar numa operação de manutenção da paz sob mandato da ONU, como o faz, por exemplo, no Líbano.

A Líbia é um caos com dois governos rivais, um criado por uma coligação Fajr Libya, que tomou conta da capital neste verão, e um reconhecido pela comunidade internacional e forçado ao exílio, no leste do país. O grupo Estado Islâmico (EI) está ativo em sete cidades.

A Itália sente-se ameaçada de várias formas: o afluxo de imigrantes que fogem dos vários conflitos a uma média de 400 pessoas por dia, sendo que 80% provêm da Líbia, naufrágios dramáticos, falta de eficiência do dispositivo de emergência europeu, os interesses de petróleo e gás em situação de risco, etc.