António Costa está convicto que os portugueses querem uma mudança imediata, mas o Presidente da República, ao não convocar eleições antecipadas, está a fazer com que a campanha para as eleições legislativas – que acontecerão entre setembro e outubro – se tenha tornado numa “maratona” que provoca “uma lenta agonia” nos portugueses. O autarca diz ainda que sente uma “contradição entre o que são os sentimentos pessoais e aquilo que deve ser a atitude institucional” no que diz respeito à Operação Marquês, que mantém Sócrates preso preventivamente.

Em entrevista ao jornal do PS Ação Socialista, agora dirigido pela antiga eurodeputada Edite Estrela, e conduzida por Maria Elisa e Vicente Jorge Silva, António Costa, líder do partido, culpa Cavaco Silva, por o país viver “numa certa paralisia”. “Há uma contradição insanável entre a ansiedade dos portugueses de quererem uma mudança já e esta lenta agonia em que o Presidente da República lançou o país, que transformou as próximas legislativas numa maratona”, afirmou o líder socialista, respondendo a uma questão sobre os resultados do PS que não disparam para a maioria absoluta.

Sobre a posição de Portugal em relação à Grécia, Costa diz que “tratar o problema da Grécia como um problema de contabilidade de dívida é ignorar completamente quer as raízes da nossa civilização quer a posição geoestratégica fundamental” do país entre os países do Sul. Costa diz mesmo que “é um erro trágico que Portugal e outros países insistam em fazer uma espécie de concurso para ver quem é menos grego”.

Outro dos temas quentes que se promete arrastar até à campanha é a Operação Marquês. Sobre a detenção de José Sócrates, Costa não renega ter integrado o Governo do antigo primeiro-ministro, ressalvando os resultados positivos que o país teve em 2007 (ano em que saiu do Governo), no entanto, admite que “há uma contradição entre o que são os sentimentos pessoais e aquilo que deve ser a atitude institucional”, justificando assim o seu relativo silêncio face a todo o caso. “Eu acho que o PS tem tido uma maturidade cívica e institucional digna de louvor e que é exemplar”, considerou Costa.

Quanto à sua experiência política, Costa diz que gostou de todos os cargos que ocupou – ministro, autarca, líder do PS -, menos um. “A exceção é ter sido líder parlamentar” – entre 2002 e 2004 – e Costa explica porquê: Eu valorizo muito a função central do Parlamento na vida democrática. Mas gosto de fazer coisas. […] Há quem se realize mais em funções parlamentares e outros em funções executivas, como é o meu caso”.

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