O Bloco de Esquerda (BE) quer um relatório final “mais duro” e crítico em relação à atuação do Banco de Portugal, governo e auditores no quadro das conclusões do inquérito parlamentar aos atos de gestão do Banco Espírito Santo e Grupo Espírito Santo. Em conferência de imprensa, Mariana Mortágua sublinha que mantém a conclusão de que a principal responsabilidade pelo colapso do BES é da administração do banco, do GES e de Ricardo Salgado, mas realça: “Endurecemos as críticas ao BdP e achamos que o devemos fazer: não comunicou atempadamente à CMVM e ao mercado o que sabia desde novembro [de 2013] das contas da Espírito Santo International [ESI]”. Para a deputada bloquista, a atuação do Banco de Portugal foi “branda”.

O Bloco propõe ainda a inclusão de documentos e testemunhos que reforçam a expectativa de reembolso dos clientes de papel comercial do GES por parte do Novo Banco, incluindo a informação inicial nesse sentido que terá sido prestada pelo Banco de Portugal, mas também o parecer enviado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em que defende a responsabilidade do sucessor do BES por esse pagamento.

Num documento com 36 pontos, as propostas de alteração assinalam ainda os conflitos de interesses entre os auditores e os auditados, que pagam os relatórios sobre as contas dos primeiros, e a responsabilidade específica da ministra das Finanças em matéria de estabilidade financeira.

Mariana Mortágua pretende ainda acrescentar ao documento a referência às declarações de confiança transmitidas pelo Presidente da República, com base em informação do Banco de Portugal, e as mensagem proferidas pelo supervisor semanas antes do colapso do BES. Cavaco Silva foi a única personalidade que os partidos da maioria não permitiram que fosse questionada sobre o assunto, nem por escrito.

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Entre as propostas do BE estão ainda o desenvolvimento da descrição de algumas operações mais suspeitas que ficaram por esclarecer, designadamente as relacionadas com os negócios da Escom, com a Eurofin e ainda com sociedades offshore detidas por “desconhecidos”, a quem o GES continuou a pagar os juros de empréstimo, mesmo depois de algumas dessas entidades terem sido alegadamente vendidas.

Nesta fase, o Bloco ainda não decidiu qual o sentido de voto em relação ao relatório que é da responsabilidade do deputado do PSD, Pedro Saraiva. Pretende aguardar para conhecer o documento final, que será votado na próxima quarta-feira. Os partidos têm até ao final desta quinta-feira para apresentarem propostas de alteração.