No conjunto de entidades e personalidades com quem Ricardo Salgado teve reuniões para salvar o Grupo Espírito Santo (GES) estava o nome de Durão Barroso, à época, presidente da Comissão Europeia. Agora, em reposta à Comissão de Inquérito à Gestão do BES e do GES, o ex-presidente da CE confirma que recebeu Ricardo Salgado, que este lhe falou nos problemas do Grupo, mas que lhe respondeu que nada podia fazer.

“Em data que não consigo neste momento precisar, mas que julgo ter sido em Maio de 2014, o Dr. Ricardo Salgado solicitou encontrar-se comigo para me transmitir as suas preocupações relativamente a situação do GES, a qual, em sua opinião, e dada a importância do referido Grupo na economia portuguesa, justificava ser levada ao conhecimento do Presidente da Comissão. Recebi o Dr. Ricardo Salgado e aconselhei-o então a entrar em contacto com as autoridades portuguesas até porque não via em que medida a Comissão poderia ter intervenção útil naquela questão. Recorde-se, aliás, que o BES era, dos principais bancos portugueses, aquele que não estava abrangido pelo programa especial de ajuda tomado no âmbito dos resgates financeiros da Zona Euro”, responde Barroso.

A resposta do ex-Presidente da Comissão Europeia chegou no início desta semana, com o inquérito a funcionar, mas já não vai constar do relatório que foi aprovado na quarta-feira. Ao que o Observador apurou, Barroso terá recebido as perguntas mais tarde por causa de trocas de residência. No documento, Barroso diz que “houve contactos” com a Direção Geral de Concorrência, sob a alçada do então Comissário da Concorrência, Joaquín Almunia, e que será a Comissão Europeia quem melhor estará em condições de responder sobre esses contactos com a Concorrência, uma vez que a matéria nunca passou por si, enquanto presidente.

Aos deputados dá ainda a sua opinião, mas em termos gerais. Barroso não ficou surpreendido com a rapidez com que o caso foi resolvido uma vez que “as preocupações de estabilidade financeira e a urgência imposta pelos mercados levaram muitas vezes a decisões tomadas em estado de emergência ou quase-emergência. Mas, repito, sobre o caso vertente e os prazos então observados, não tenho suficientes elementos para me pronunciar”, diz.

Por fim, Durão Barroso diz que nunca se encontrou com a “troika” para abordar qualquer questão relativa a Portugal e mais, diz mesmo que não teve conhecimento de que fosse tentado um “particular esforço para, em termos de calendário, separar o “problema BES” da chamada intervenção da Troika em Portugal” que terminou em junho de 2014. É a resposta à pergunta dos partidos da oposição que questionaram se houve ou não uma tentativa adiar a intervenção no BES para depois do fim do programa de resgate.

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