As conversas privadas que o ex-primeiro-ministro José Sócrates tinha ao telefone durante o ano em que esteve sob escuta autorizada, e onde fala bastante sobre política, e especificamente sobre o PS, podem vir a tornar-se públicas, avança a revista Sábado no dia em que o seu editor de política, o jornalista Fernando Esteves, lança um livro sobre os bastidores da vida do ex-governante. Em causa está a possibilidade de ter havido uma fuga de informação que terá permitido o acesso àquelas conversas privadas.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), responsável pela Operação Marquês – que levou à detenção de Sócrates em novembro -, já abriu uma investigação à alegada fuga de informação. As conversas em causa foram captadas desde 2013 até ao dia em que Sócrates foi detido, no âmbito das escutas autorizadas inseridas naquele inquérito judicial.

Todas as gravações feitas no âmbito do inquérito-crime foram mantidas no processo por ordem do procurador Rosário Teixeira e do juiz de instrução criminal Carlos Alexandre, em CD ou transcritas. Segundo a Sábado, a maior parte das escutas, contudo, não chegaram a ser transcritas, tendo-se mantido em ficheiros informáticos, guardados nos cofres do DCIAP e do Tribunal Central de Instrução Criminal.

A confirmar-se a fuga, o caso ameaça ser polémico. É que a fuga de informação, segundo a Sábado, deverá visar especificamente conversas crispadas onde o ex-primeiro-ministro tem um tom crítico sobre algumas pessoas do mundo político incluindo de dentro do próprio PS, nomeadamente sobre os últimos dois líderes socialistas, António José Seguro e António Costa.

De acordo com a Sábado, que na edição desta semana pré-publica excertos do livro ‘Cercado – os dias fatais de José Sócrates’, dedicado aos bastidores da vida política de Sócrates, com particular incidência nos vários processos mediáticos em que esteve envolvido nos últimos dez anos e na sua relação com os jornalistas, a suposta fuga de informação está a ser investigada em segredo – e de forma informal – há várias semanas. O procurador João Paulo Centeno está a coordenar o processo.

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