O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) considerou esta terça-feira que o tempo está a esgotar-se para milhares de imigrantes em dificuldades no leste da Ásia, e apelou a uma “atuação urgente” dos governos da região.

“Calculamos que perto de 4.000 pessoas de Birmânia e do Bangladesh permanecem retidas no mar e com escassos mantimentos a bordo. Incluem-se 2.000 homens, mulheres e crianças que se encontram há mais de 40 dias em pelo menos cinco embarcações perto das costas da Birmânia-Bangladesh. Informações não confirmadas sugerem que o número pode ser mais elevado”, referiu durante uma conferência de imprensa em Genebra Adrian Edwards, porta-voz do organismo da ONU para os Refugiados.

O responsável do ACNUR apelou aos países da Ásia do sudeste para efetuaram atuarem urgentemente e “resgatarem e desembarcarem estas pessoas vulneráveis”, antes de se referir a casos de desidratação e de violência a bordo das embarcações, relatados pelos migrantes que têm conseguido chegar à Tailândia, Malásia e Indonésia.

“Mas desse o fim-de semana que não há registos de desembarques em toda a região. Nos últimos nove dias, um total de 1.396 pessoas desembarcaram na Indonésia, 1.107 na Malásia e 106 no sul da Tailândia”.

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Adrian Edwards disse que o ACNUR teve conhecimento de relatos de sobreviventes que dizem ter sido abandonados pela tripulação dos barcos e que vaguearam à deriva durante dias antes de obterem auxílio dos navios de socorro, para além de casos de abusos cometidos pelos detentores das embarcações, que exigem por vezes avultadas somas em dinheiro antes do embarque.

“Na Malásia, alguns dos que desembarcaram e estão num centro de detenção no estado de Kedah disseram-nos que foram raptados ou atraídos por falsas promessas para seguiram nos barcos dos traficantes. Souberam de outros passageiros que morreram no mar devido a espancamentos pela tripulação, por fome ou doença”, afirmou.

Perante esta situação, o ACNUR solicitou, em colaboração com os governos do sudeste da Ásia, assistência médica de emergência e proteção a estes migrantes.

O porta-voz do ACNUR apelou ainda ao governo da Birmânia para não punir os imigrantes ilegais que decidiram regressar por não terem sido acolhidos em países vizinhos.