“A Segurança Social está a funcionar de uma forma absolutamente selvática.” Foi desta maneira que Manuela Ferreira Leite começou por comentar as notícias que esta semana têm marcado a atualidade, a saber, a questão do anexo da Segurança Social que tem de ser preenchido na declaração de IRS e as palavras de Maria Luís Albuquerque sobre novos cortes nas pensões.

Em relação a anexo que os trabalhadores independentes têm de juntar à declaração de IRS, a antiga líder do PSD afirmou que “desburocratizar significa não pedir elementos que já se tem e estes elementos já existem”. E salienta: “Quando se exige, à última hora, um novo anexo, mas caso não o faça paga uma multa, e essa multa pode ir até 250 euros, quando nós sabemos qual é o valor do salário mínimo nacional, eu diria que se vão inventando mais anexos, cada vez mais exigências, não para que o fisco obtenha mais elementos, porque já os tem, mas está a arranjar uma fórmula, uma fonte de cobrar mais multas. Acho absolutamente perverso.”

No comentário semanal na TVI24, Manuela Ferreira Leite mostrou-se indignada com a possibilidade de um novo corte nas pensões a pagamento, anunciado por Maria Luís Albuquerque. “Pensei que tínhamos entrado numa fase indecorosa relativamente aos problemas da Segurança Social e ao que são os idosos neste país.”

“Eu ouvi”, sublinhou Ferreira Leite, quando confrontada com a tentativa de correção por parte dos partidos da coligação em relação às palavras de Maria Luís Albuquerque. “É evidente que não está decidido, mas está anunciado que é um problema que não tem solução. Quando todo o discurso para todas as classes sociais é de esperança, a única coisa que não tem solução na vida é a questão da Segurança Social e das pensões das pessoas que não têm forma de alterar a sua vida.”

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“Vamos todos avançar deixando para trás um grupo de pessoas”, concluiu Ferreira Leite, lastimando que este discurso tenha sido feito frente a uma plateia de jovens. “Não há nenhum país que consiga progredir com princípios e com valores quando se fazem declarações dessa natureza”.

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Manuela Ferreira Leite afirmou que o que se está a passar na Autoridade Tributária é “muito grave”, uma vez que, segundo o relatório da Inspeção-geral das Finanças “não existe uma cadeia hierárquica” e por isso os funcionários do Fisco podem fazer o que querem. “Quando se tem poderes especiais tem de haver responsabilidades especiais e um princípio de ética. Os funcionários da Autoridade Tributária podem estragar a vida uma pessoa”, rematou.

PS devia ter sido consultado sobre Carlos Costa

Em relação à decisão do Governo de indicar o nome de Carlos Costa para novo mandato no Banco de Portugal, a ex-líder do PSD afirmou que, nesta situação, ” a consulta ao PS era natural e quase que exigível”. Disse não estar espantada com a recondução de Carlos Costa e concluiu: “Desejo que na consulta ao parlamento [Carlos Costa] não passe por uma situação desagradável porque acho que ele não merece”.