O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu, na sexta-feira, que se “chame pelo nome” o “genocídio” de mais de 8.000 homens e rapazes muçulmanos de Srebrenica às mãos das forças sérvias na Bósnia.

Em comunicado, Obama saudou aqueles que, este sábado, se devem reunir em Srebrenica para assinalar o 20.º aniversário do massacre, e insistiu que deve ser chamado de “genocídio”, dois dias depois de a Rússia ter vetado uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que descrevia o massacre com essa palavra.

“Só reconhecendo por completo o passado é que podemos ambicionar um futuro de verdadeira e duradoura reconciliação. Só obrigando os responsáveis pelo genocídio a prestarem contas é que podemos oferecer algum tipo de justiça e ajudar os seus entes queridos a recuperarem”, disse Obama, acrescentando que “somente chamado o mal pelo seu nome é que podemos encontrar força para o superar”.

Em julho de 1995 cerca de 8.000 homens e rapazes muçulmanos em idade de combater foram mortos pelas forças sérvias bósnia no enclave do leste da Bósnia-Herzegovina, pouco antes do final da guerra civil interétnica que se prolongava desde 1992.

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Segundo a versão de Belgrado, a maioria dos muçulmanos foram mortos em combate após escaparem armados dos locais onde estavam retidos, para tentar alcançar outras regiões da Bósnia controladas pelas tropas do então presidente bósnio Alija Izetbegovic.

Numa recente sondagem na Sérvia, 54% dos inquiridos condenaram o massacre, mas a realidade de um genocídio foi negada por 70% dos entrevistados. Ainda recentemente, o presidente dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou que “o genocídio de Srebrenica era uma mentira”.

Para o jurista Tibor Varadim, que defendeu a Sérvia perante o Tribunal internacional de Justiça (CIJ), então acusada pelas autoridades bósnias de ser diretamente responsável do genocídio em Srebrenica, o caso está encerrado.

“Em 2006 a justiça internacional decidiu que a Sérvia não cometeu genocídio em Srebrenica e nada pode mudar esse facto”, disse recentemente.

Mas diversos países vizinhos, todos ex-repúblicas jugoslavas retomam com regularidades estas acusações, da Croácia ao Kosovo, tornando o processo de reconciliação na região muito difícil.

Assim, e mesmo antes da confirmação da comparência de Vucic na cerimónia de hoje, a presidente da associação das Mães de Srebrenica, Munira Subasic, considerou que a sua presença “significaria que reconhecia de facto o genocídio”.