O primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, condenou, este sábado, “o monstruoso crime” de Srebrenica, na Bósnia Herzegovina, que consistiu num massacre que resultou na morte de cerca de 8.000 muçulmanos pelas tropas servio bósnias, há precisamente 20 anos.
“Não há palavras com as quais possa expressar o lamento e a tristeza pelas vítimas e a raiva e amargura em relação aos que cometeram esse monstruoso crime”, afirmou Vucic em comunicado. “A Sérvia condena claramente e sem ambiguidades esse horroroso crime, indigna-se com quem participou e continuará a levá-los à Justiça”, adiantou.
Milhares de pessoas, incluindo o primeiro-ministro da Sérvia, deslocaram-se hoje a Srebrenica, no leste da Bósnia Herzegovina, para participar nas cerimónias que marcam o 20º aniversário do massacre dos 8.000 homens e rapazes muçulmanos, uma matança classificada como genocídio pela justiça internacional.
A organização das cerimónias de Srebrenica espera a participação de cerca de 50.000 pessoas, incluindo familiares das vítimas e sobreviventes.
Há 20 anos, em julho de 1995, quando a região foi declarada “zona protegida” pela ONU, cerca de 8.000 homens e rapazes muçulmanos foram mortos em Srebrenica pelas forças servio-bósnias, a maior matança desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Numerosos responsáveis internacionais – incluindo o presidente dos Estados Unidos na época Bill Clinton – cujo governo arquitetou os acordos de paz de Dayton que puseram fim ao conflito da Bósnia – vão estar hoje presentes em Srebrenica.
Belgrado recusa obstinadamente aceitar que foi perpetrado um genocídio e continua a ser uma questão que envenena as relações entre a Sérvia e a Bósnia.
Na quarta-feira, a Rússia vetou um projeto de resolução da ONU sobre Srebrenica, uma decisão com a qual Belgrado se congratulou e que as famílias das vítimas condenaram, considerando que tornava a reconciliação “impossível”.
Os líderes político e militar dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic e Ratko Mladic, acusados de serem as eminências pardas do massacre de Srebrenica, estão atualmente a serem julgados por genocídio pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia.
Vinte anos depois do massacre de Srebrenica, a Bósnia, um dos países mais pobres da Europa, continua estática com as suas divisões e no fim da lista dos candidatos à adesão à União Europeia.
Depois de um período de tentativa de um Estado viável – com muitas dificuldades e sob pressão da comunidade internacional – a Bósnia, nas ruínas de um conflito com muitas mortes, ainda não conseguiu encontrar a fórmula para juntar o seu povo.