A polícia israelita entrou hoje na mesquita Al-Aqsa, uma incursão extremamente rara no terceiro lugar santo do Islão em Jerusalém, para pôr fim a confrontos desencadeados pela chegada de judeus ortodoxos.

A Esplanada das Mesquitas, a que os judeus chamam o Monte do Templo e que consideram o seu primeiro lugar santo, rege-se por um ‘status quo’ herdado do conflito de 1967: tanto judeus quanto muçulmanos podem visitar o lugar sagrado com vista para a Cidade Velha de Jerusalém, mas os judeus não têm o direito de aí rezar.

Na noite de sábado para hoje, os judeus iniciaram as celebrações de Tisha Beav, que assinalam, no seu calendário, a destruição dos dois templos que existiam na Esplanada — de que o Muro das Lamentações, situado abaixo das mesquitas, é o último vestígio.

Milhares deles concentraram-se sem incidentes em frente ao Muro das Lamentações, mas outros, radicais, terão tentado ir rezar junto à entrada da ultrassensível Esplanada.

Desencadearam-se, então, confrontos, e ao início da manhã, dezenas de polícias israelitas entraram na Esplanada e, em seguida, avançaram “vários metros” pela mesquita de Al-Aqsa adentro, para aí apanhar os elementos “desordeiros”, indicou a polícia israelita.

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Em fotografias divulgadas pela polícia, pode ver-se as portas de madeira do lugar de culto partidas, tapetes rasgados e pedras espalhadas pelo chão.

Segundo a polícia, foram “desordeiros mascarados”, muçulmanos barricados na mesquita que “começaram a atirar pedras e projéteis do interior da mesquita em direção aos polícias”.

A polícia indicou ter permanecido no lugar de culto apenas o tempo necessário para fechar as portas e “restaurar a ordem”.

Pelo menos três pessoas que estavam a atirar pedras foram detidas, e quatro polícias sofreram ferimentos ligeiros, indicaram as autoridades israelitas.

Os jornalistas da agência de notícias francesa, AFP, no local, viram um palestiniano a sangrar da cabeça, e testemunhas deram conta de outros feridos, mas sem mais pormenores.

Um jovem judeu foi também detido, de acordo com a polícia, depois de se ter recusado a tirar os filactérios, acessórios de oração utilizados pelos judeus praticantes, para entrar na Esplanada das Mesquitas, e de ter mordido um agente policial que lhe estava a barrar o caminho.

Os distúrbios prosseguiram durante várias horas na Cidade Velha de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, onde a polícia disparou granadas de atordoamento, segundo a AFP.