O chanceler austríaco, Werner Faymann, pediu para que os controlos fronteiriços restabelecidos pela Alemanha, face à onda de refugiados, não se façam à custa dos pedidos de asilo e decorram de forma humanitária.

“Parto do princípio que a chanceler alemã também vê as coisas assim”, disse o chefe do Governo austríaco, que se reúne na terça-feira, em Berlim, com Angela Merkel para analisar o estado da crise dos refugiados, segundo a agência noticiosa austríaca APA. No encontro também vão estar os ministros do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, e da Áustria, Johanna Mikl-Leitner.

O chanceler austríaco insistiu na importância de os dois países se manterem cooperantes. Durante mais de uma semana, a Áustria e a Alemanha praticaram uma política de fronteiras abertas, que permitiu a milhares de refugiados do Médio Oriente, em especial da Síria, chegarem à Alemanha cruzando a Áustria, sem qualquer controlo.

Este domingo, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, anunciou que o país reintroduziu provisoriamente o controlo das fronteiras, para “conter o afluxo de refugiados chegados à Alemanha”.

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Para o chanceler Werner Faymann, apesar desta medida, a Alemanha continua a levar muito a sério o direito de asilo. “As pessoas serão controladas aleatoriamente, o que é um sinal para os traficantes, mas tal não pode minguar o direito de asilo“, assinalou o chefe do Governo austríaco, sustentando que o controlo de fronteiras servirá também para não dar falsas esperanças de acolhimento a quem vem de países considerados seguros e que, por isso, não têm direito de pedir asilo.

Werner Faymann espera que o regresso aos controlos fronteiriços não cause o caos. Milhares de refugiados entraram na Áustria, desde a fronteira com a Hungria, e a maioria seguiu caminho para a Alemanha, principal destino europeu de quem foge da guerra nos seus países. A Áustria teme que os refugiados que entram no seu território tenham agora dificuldades para prosseguir viagem.

O vice-chanceler austríaco, Reinhold Mitterlehner, que também viajará para Berlim, entende que não é possível manter a circulação ilimitada de refugiados.

Entretanto, a Alemanha está a mobilizar “várias centenas de polícias” para controlar as suas fronteiras após ter decidido suspender a livre circulação prevista no acordo europeu de Schengen, devido ao afluxo maciço de refugiados, indicou a polícia.

“Estamos a mobilizar várias centenas [de polícias]”, disse hoje à tarde um porta-voz da polícia federal, citado pela agência de notícias francesa AFP, devendo o controlo ocorrer sobretudo na fronteira com a Áustria, por onde têm entrado dezenas de milhares de refugiados.

Os controlos nas fronteiras começaram este domingo pelas 17:30 locais (16:30 de Lisboa), ou seja, no momento em que o ministro do Interior, Thomas de Maizière, anunciava a medida em Berlim.