A Alemanha decidiu reintroduzir temporariamente o controlo na fronteira com a Áustria, por onde entram dezenas de milhares de refugiados. Ficam assim suspensos os acordos de Schengen sobre a livre circulação europeia, informaram os jornais Bild e Spiegel.

“O objetivo desta medida é parar a contínua entrada de migrantes na Alemanha e voltar a ter um processo ordenado”, afirmou aos jornalistas, o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, explicando que a Alemanha não vai permitir que os refugiados possam escolher que país europeu os deve acolher. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker já reagiu, considerando que a Alemanha tem o direito a suspender temporariamente o acordo de Schengen, esperando que aquele país consiga “rapidamente” reabrir fronteiras.

Em comunicado, o gabinete do presidente da Comissão Europeia (CE) informa que Juncker falou esta tarde com a chanceler alemã Angela Merkel e que a medida adotada é “excecional” mas “legal” em caso de situação de crise, à luz do acordo de Schengen.

A CE vai agora acompanhar de perto a situação para ir avaliando se a medida excecional se se justifica com o passar do tempo para assegurar que continua a ser uma medida “proporcional” com a situação de crise invocada. Esta segunda-feira, tem lugar uma reunião dos ministros do Interior e o comunicado chama a atenção para a “importância” desse encontro.

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Os Estados-membros da União Europeia (UE) devem “chegar a acordo sobre as medidas propostas pela Comissão Europeia” para uma distribuição da quota relativa ao acolhimento de refugiados pelos vários países europeus.

A decisão da Alemanha reintroduzir provisoriamente os controlos das fronteiras para conter o afluxo de refugiados que chegam ao país mostra a “urgência” da implementação de um plano de âmbito europeu de repatriação dos recém-chegados, segundo a Comissão Europeia.

Também este domingo a companhia ferroviária austríaca OBB anunciou a suspensão da ligação ferroviária com a Alemanha, país ao qual procuram chegar por comboio milhares de migrantes, através da Áustria. A decisão entrou em vigor a partir das 16h00 de Portugal, segundo a companhia, sem dar mais detalhes.

A Alemanha tornou-se o destino escolhido por muitos migrantes, especialmente sírios, depois de a chanceler Angela Merkel ter afirmado que o país aceitaria refugiados da guerra na Síria. No espaço de duas semanas, chegaram a Munique cerca de 63 mil refugiados, dos quais 13.000 só no sábado.

Desde o início do ano, que já chegaram à Alemanha 450 mil refugiados, uma situação que levou as estruturas de acolhimento alemão ao limite. Segundo a revista Spiegel, Berlim pretende ganhar algum tempo para lidar com o fluxo migratório.

O ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, tinha admitido este domingo o “fracasso completo” da União Europeia (UE) para controlar as fronteiras externas face ao afluxo de migrantes e pediu medidas “eficazes”. Medidas eficazes são necessárias agora para parar o afluxo” perante o “total fracasso da UE”, onde “a proteção das fronteiras externas não funciona mais”, escreveu num comunicado, citado pela agência AFP.

Segundo o ministro alemão, os “limites de capacidade” de acolhimento da Alemanha “foram alcançados” e “este sinal deve ser entendido de forma inequívoca” por outros países europeus, acrescentou.

A Alemanha ajudou os refugiados durante meses e com uma extensão muito maior do que todos os outros países europeus”, lamentou Alexander Dobrindt, que é membro da ala mais conservadora da associação cristã da chanceler alemã Angela Merkel.

Hungria aplaude

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, considerou necessária a decisão, este domingo, de a Alemanha reintroduzir o controlo de fronteiras, face ao afluxo de refugiados, num depoimento ao jornal alemão Bild. “Compreendemos perfeitamente a decisão da Alemanha e exprimimos a nossa inteira solidariedade”, afirmou ao jornal, que sai na segunda-feira para as bancas.

A decisão, disse, era “necessária para defender os valores da Alemanha e da Europa”. Viktor Orban tinha, até agora, fortemente criticado a política da chanceler alemã, Angela Merkel, de abrir as fronteiras do seu país aos refugiados, incitando a que dezenas de milhares de outros se deslocassem para a Europa.

O chefe do Governo húngaro afirmou que o regresso, provisório, do controlo da fronteira entre a Alemanha e a Áustria “não é mais do que um primeiro passo”, já que, em seu entender, “as fronteiras na Europa” deverão ser igualmente controladas a partir da Grécia, onde têm chegado milhares de refugiados.