O governo do PSOE com as forças independentistas e à sua esquerda ainda não existe, nem tampouco se sabe se virá a existir, mas Mariano Rajoy já deixa críticas à solução que Pedro Sánchez procura para chegar ao poder. “Não me parece que isso seja o mais conveniente para Espanha”, disse.

O Presidente do Governo espanhol começou por falar naquela que seria a sua primeira opção. “Podia criar-se um grupo forte de 250 deputados [sensivelmente a soma do PP, PSOE e Ciudadanos] que podia levar parra a frente reformas que transmitiriam para fora e para dentro de Espanha uma mensagem de tranquilidade, estabilidade e certeza”, disse.

Mas, admite, existem outras opções, para as quais Sánchez tem apontado — e das quais Rajoy não tem nada de simpático a dizer. “A partir daí, evidentemente que os números permitem outra coisa. Mas estaríamos perante uma coligação com oito ou nove partidos, alguns com planos claramente independentistas, outros partidários do direto de auto-determinação e não me parece que isso seja o mais conveniente para Espanha.”

Rajoy sublinhou ainda que se o PSOE formar governo, “seria a primeira vez que na história da democracia espanhola que o partido que ganha não governa e será a primeira vez que se produz um pacto com estas características”.

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Na quinta-feira, Sánchez esteve de visita à sede nacional do Partido Socialista português, onde foi acompanhado do primeiro-ministro António Costa. A propósito, o porta-voz do Partido Popular, disse que “Portugal pode ser um país sério, mas parece-me mais séria a Alemanha”.

“Conversas discretas” e… com pouca esperança

Os próximos dias, garante, serão de iniciação de “conversas discretas para ver qual é a disponibilidade de cada um [partido], mesmo que não tenhamos a disponibilidade do senhor Sánchez”.

Seja como for, os números não são sorridentes para Rajoy. Sem a ajuda do PSOE, nunca conseguirá formar governo. Daí, na citação que se segue, mais do que o que disse, importa o tom pouco esperançoso com que o disse: “Creio que o melhor para Espanha, o que dá estabilidade, segurança, certeza e respeita a vontade dos espanhóis e pode proporcionar quatro bons anos para a frente é a minha proposta e portanto vou defendê-la até que, pois enfim, a consiga levar para a frente“.

Da mesma maneira que é difícil que Mariano Rajoy consiga chegar a uma solução de governo, também os socialistas do PSOE terão dificuldades nesse sentido quando for a sua vez de negociar. Isto porque, para conseguirem formar governo, terão sempre de chegar a acordo com o Podemos. O problema surge quando o partido de Pablo Iglesias coloca a realização de um referendo à independência da Catalunha como uma “linha vermelha” para falar com o partido de Sánchez — algo que, do lado dos socialistas, é inegociável.

O cenário de eleições antecipadas já começa a ser discutido, mesmo que os líderes políticos o descartem para já. Certo é que o Congresso de Deputados toma posse dia 13 de janeiro, tendo a partir daí dois meses para aprovar um governo. Assim, a data limite é 13 de março. Se não houver uma decisão até então, Espanha irá de novo a votos.