Marcelo será o novo Presidente da República, após uma vitória expressiva em todos os distritos e nas duas regiões autónomas. Feito pelo qual Francisco Assis lhe reconhece o mérito, reconhecendo também a derrota à esquerda. Mas Assis não se fica por aqui: “Tal como nenhuma vitória está previamente anunciada, também nenhuma derrota corresponde a uma fatalidade”. Num artigo de opinião para o Jornal de Notícias, Assis argumenta que as culpas de uma derrota à esquerda não podem ser justificadas pela não candidatura de António Guterres: “Infelizmente os motivos são outros e bem mais inquietantes”. Ou seja, a realidade ilusória do PS e a viragem “populista” do BE.

Quanto ao ‘seu’ PS, Assis reclama que o partido tem que voltar à realidade, argumentando que “quando passar o estado de ilusão que se instalou no Partido Socialista haverá muito para discutir e alguma coisa para mudar”.

Por outro lado, avisa que os progressos do Bloco de Esquerda (resultados históricos, tanto nas legislativas, como agora nas presidenciais) estão a ser feitos “à custa de um discurso muito perigoso”. Assis, o socialista mais crítico da estratégia de António Costa, argumenta que o BE se transformou no “partido mais populista” – argumento usado também usado por Jerónimo de Sousa na reação aos resultados eleitorais – e que é necessário que “alguém o combata”.

O eurodeputado socialista não acredita, no entanto, que o PS esteja apto a travar esse combate enquanto permanecer no estado ilusório em que tem vindo a atuar: “Esse combate político não pode ser levado a cabo por quem se deixou inocular por um vírus de idêntica natureza”. Ou seja, Assis acredita que o PS também se está a tornar populista.

*Editado por David Dinis

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