Esqueça-se o chow mein, ignore-se o chop suey. Descure-se a galinha com amêndoas, desista-se do (mau) arroz chow chow. Já lá vai o tempo em que a oferta de comida chinesa em Lisboa dependia demasiado de algumas criações de fidedignidade duvidosa. Elas continuam a existir, é certo, mas existem opções bem mais genuínas por aí. Com o Ano Novo Chinês, sob o signo do Macaco, prestes a chegar, nada como sugerir uma mão cheia (e mais qualquer coisinha) delas.

Dinastia Tang

Rua do Açúcar, 107 (Marvila). 21 868 0467

Impressiona pela dimensão, sobretudo, e pela decoração: é um antigo (e enorme) armazém de vinhos repleto de artefactos e mobiliário chinês de diversas dinastias. Mas não é só estética, também é alimento: a cozinha do Dinastia Tang, de origem maioritariamente — mas não só — cantonesa tem inúmeras propostas de valor, com destaque para os dim sum e para um frango picante que é, como os próprios referem na descrição, “de comer e chorar por mais”.

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O Dinastia Tang será, provavelmente, o restaurante mais bonito desta lista.
(foto: Dinastia Tang / Facebook)

The Old House

Rua da Pimenta, 9 (Parque das Nações). 21 896 9075

Quando abriu portas, no último verão, o Observador dedicou-lhe este extenso artigo. Não foi caso para menos: o The Old House é um raro caso de uma cozinha fiel aos princípios de uma das mais importantes regiões da China, gastronomicamente e não só, Sichuan. Cozinha essa que é conhecida, sobretudo, pela picância — não é por acaso que existe uma pimenta de Sichuan. Mas descanse o leitor: a tolerância ao ardor pode ser mais ou menos testada, conforme o cliente desejar. Basta ir deslizando os dedos pela (longa) ementa digital e fugir às malaguetas.

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No The Old House, a comida é apresentado num tablet. Quanto mais malaguetas estiverem assinaladas, mais picante é o prato em questão. (foto: © Michael M. Matias / Observador)

Estoril Mandarim

Casino Estoril, Avenida Dr. Stanley Ho (Estoril). 21 466 7270

Num ambiente que é caro — nos vários sentidos da palavra — a muitos chineses, o do Casino Estoril, existe há quase duas décadas este Mandarim, o mais luxuoso dos restaurantes apostados em mostrar o que de melhor se faz, de facto, nas cozinhas daquelas paragens: das sugestões mais exóticas, como a sopa de ninho de andorinha às mais famosas, caso do pato à Pequim. E é essa última receita que atrai boa parte da clientela da casa. O pato, que alimenta uma família de quatro, é assado lentamente durante horas e cortado na mesa junto aos clientes. Ao almoço, são os dim sum que mais ordenam.

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A cozinha do Estoril Mandarim tem pratos de todas as regiões da China, especialmente de Guangdong (antigo Cantão), graças à influência de Stanley Ho, um dos sócios do Casino. (foto: Pedro Zenkl / Agência Zero)

Mr. Lu

Rua António Pedro, 95 (Arroios). 21 352 0613 / 96 941 6756
Rua António Pereira Carrilho, 18A (Arroios)

O sorridente e talentoso senhor Lu foi responsável, durante uns anos, por um dos mais afamados (restaurantes chineses) clandestinos da Mouraria, na Rua do Benformoso. Um ponto de partida invulgar para alguém que tem no currículo a distinção de segundo melhor cozinheiro da China. A verdade é que resultou: no mês passado, Lu abriu o segundo restaurante em nome próprio na zona de Arroios. Aí, tal como na casa-mãe, podem provar-se criações arrojadas, na chapa, no wok ou no tacho, típicas da região de Shandong, no Nordeste da China. Destaque para o prato que lhe deu fama na sua terra-natal, o peixe com molho agridoce.

Lisboa , 01/11/2014 - Restaurante Mr. Lu, Lu é um chef que ganhou vários prémios de gastronomia na China, emigrou para Portugal, lavou pratos, juntou dinheiro e finalmente abriu um restaurante seu, com comida tradicional da sua região na China. (Gonçalo Villaverde / Global Imagens)

Além dos dotes de cozinheiro, Lu não está nada mal como anfitrião: não é raro encontrá-lo na sala do seu restaurante a falar com os clientes para saber a sua opinião sobre os pratos.
(foto: © Gonçalo Villaverde / Global Imagens)

Mi Dai

Calçada da Mouraria, 7 (Mouraria). 96 987 0825

À primeira vista pode intimidar: o Mi Dai, ou “cantina chinesa”, como também é conhecido, funciona num espaço despojado de qualquer conforto e decoração, um misto de snack-bar/refeitório, frequentado por muitos chineses (o que é bom sinal), onde a dificuldade em comunicar com quem serve é compensada pela exposição dos produtos do dia numa vitrina. São esses produtos — que podem ser, por exemplo, entrecosto fresco, lula, beringela ou raiz de lótus — que complementam a oferta diária de sopas e massas de arroz. Sabe tudo a comida caseira, feita com conta, peso, medida e muita honestidade nos preços: é possível fazer uma refeição completa por 5€ ou menos.

Outros nomes a considerar

Calma, o banquete não acaba aqui. Isto porque no campeonato dos dim sum, os bolinhos e pastéis de origem cantonesa, fritos ou cozidos a vapor, e que no sul da China se costumam consumir, acompanhados de chá, entre as primeiras horas de manhã e o início da tarde, há outras casas em Lisboa (e arredores) que merecem destaque.

O Grande Palácio Hong Kong — cuja confiança dos responsáveis vai ao ponto de terem escolhido o url “restaurante-chines.com” — tem uma longa lista de opções dentro do género. E essa lista pode tornar-se ainda maior: basta pedir o menu chinês, que tem alguns pratos que não constam daquele que é habitualmente entregue aos clientes ocidentais.

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O tipo de refeição que se pode ter no Yum Cha Garden, aqui na versão lisboeta. (foto: © Tiago Pais / Observador)

Outro restaurante com pergaminhos e mérito indiscutível na matéria é o Yum Cha Garden, fundado em Oeiras e que chegou a Lisboa, no último verão. Com muito sucesso, escreva-se.

Finalmente, destaque para o auto-explicativo Dim Sum, que começou por funcionar num pequeno espaço no Cacém e cujo sucesso o levou a transplantar-se para espaçoso um salão em Oeiras. Aqui, há três menus-surpresa que permitem ficar nas mãos dos responsáveis e provar vários tipos de dim sum sem ter de sofrer com a indecisão de os escolher.