O jornal Correio da Manhã corrigiu este domingo a manchete de sexta-feira, onde noticiava que o presidente do Grupo Lena confessava que tinham sido pagas comissões ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. O jornal diz que por um “lamentável lapso”, a declaração foi “erroneamente atribuída” ao presidente do grupo, Joaquim Paulo Conceição, atribuindo-as agora ao procurador do Ministério Público, Rosário Teixeira. O que faz com que a notícia da suposta confissão de suborno esteja errada.

A notícia de sexta-feira, que fazia manchete no Correio da Manhã, era: “Presidente do Grupo Lena confessa subornos a Sócrates” e dava conta de um depoimento ao Ministério Público de Joaquim Paulo da Conceição a admitir o pagamento de comissões ao ex-primeiro-ministro. Tanto os advogados do Grupo Lena, como os de José Sócrates apressaram-se a desmentir, com Joaquim Paulo Conceição a anunciar, em conferência de imprensa, que o grupo iria “pedir para ser ressarcido pelos danos causados”.

A “retificação” do Correio da Manhã surge na página 7 do jornal deste domingo, sem chamada de capa nem menções na última página. O site do jornal também não faz referência visível à correção. No texto de retificação, intitulado “O CM e o grupo Lena”, o Correio da Manhã escreve que “devido a um lamentável lapso [a declaração] foi erroneamente atribuída ao presidente do grupo Lena, Joaquim Paulo Conceição, a afirmação de que ‘o grupo Lena procurou apoio do poder político através de Sócrates, a quem pagava'”. Assumindo o “erro”, o jornal “pede desculpa a Joaquim Paulo Conceição e aos leitores”.

E atribuiu agora essa mesma frase ao procurador Rosário Teixeira, que a terá dito “quando, no início do interrogatório, confrontou Joaquim Paulo Conceição com todos os indícios sobre o envolvimento de empresas do grupo Lena no esquema montado para fazer chegar oito milhões a Sócrates através de Hélder Bataglia e Carlos Santos Silva”. Apesar da retificação, que faz com que a notícia sobre a suposta confissão do presidente do grupo Lena esteja errada, o jornal sublinha que “reafirma o essencial dos factos relatados”.

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Na sexta-feira, Joaquim Paulo da Conceição negou “total e categoricamente” que, no âmbito do processo da Operação Marquês, reconheceu ter feito pagamentos ao ex-primeiro-ministro José Sócrates para conseguir negócios para as suas empresas. Em comunicado, Joaquim Paulo da Conceição negou, “na totalidade do seu conteúdo”, a manchete da edição do Correio da Manhã de que confessara ter feito pagamentos a José Sócrates.

Também os advogados de defesa de José Sócrates afirmaram que o presidente do Grupo Lena declarou nunca ter pago “o que quer que fosse” ao seu constituinte nos depoimentos que fez no âmbito do processo.

Entre os arguidos no processo estão, o ex-administrador da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.

Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que concedeu mais 180 dias para a “realização de todas as diligências de investigação consideradas imprescindíveis” na Operação Marquês.