O grão-mestre da Ordem de Malta, Matthew Festing, demitiu-se esta quarta-feira a pedido do Papa Francisco, depois de um conflito entre o líder da instituição fundada no século XI e o líder da Igreja Católica. Trata-se de uma decisão pouco comum, já que o líder da ordem costuma ocupar o lugar até ao fim da vida.

O conflito entre a Ordem de Malta e o Vaticano começou quando o atual grão-mestre, Matthew Festing, decidiu afastar um dos mais altos membros da instituição, o grande-chanceler Albrecht Freiherr von Boeselager, por alegadamente ter permitido a utilização de preservativos num projeto médico para os pobres, escreve a Reuters.

Segundo a agência, von Boeselager garantiu que fechou dois dos projetos que a Ordem mantinha em países necessitados assim que descobriu que distribuíam preservativos, método contracetivo proibido pela Igreja Católica. No entanto, acrescenta o antigo responsável, um outro projeto continuou a funcionar para não acabar de vez com os serviços básicos para os mais pobres. Foi esse o motivo que levou à dispensa de von Boeselager.

Não conformado com o afastamento, recorreu para o Papa Francisco, que decidiu investigar as causas do afastamento e nomeou uma comissão, composta por cinco elementos, para levar a cabo a investigação. O grão-mestre não gostou da ideia e acusou a comissão de ser ilegítima, recusando colaborar. O Vaticano acabou depois por ordenar os responsáveis da Ordem a colaborar com a comissão, que devia entregar os resultados até ao final do mês.

“O Papa pediu-lhe que resignasse e ele concordou”, explicou um porta-voz da Ordem de Malta, citado pela Reuters. Agora, deverá ser o número dois da instituição a ficar na liderança, assim que o Conselho Soberano da Ordem assinar a resignação de Matthew Festing.

A Ordem de Malta é uma instituição soberana fundada no século XI para prestar assitência aos peregrinos que iam para a Terra Santa. Atualmente, tem cerca de 13.500 membros e reúne mais de 80 mil voluntários em todo o mundo. Por ser uma entidade soberana, é atribuída aos seus membros a nacionalidade maltesa, e a ordem pode mesmo emitir documentos oficiais, como passaportes. Mesmo não sendo um estado, como o Vaticano, a Ordem de Malta tem relações diplomáticas com a União Europeia, as Nações Unidas e mais de 100 países de todo o mundo.

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