O Presidente da República recebeu o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, este fim-de-semana, em Belém, num momento em que é crescente a tensão entre o governador e o Executivo, no que se refere ao impasse em torno das nomeações para o Conselho de Administração do BdP. Os últimos dias têm também sido marcados pelas duras críticas, vindas dos partidos de esquerda, às “falhas na supervisão” denunciadas na grande reportagem emitida pela SIC, no final da semana passada.
A notícia do encontro entre o chefe de Estado e o governador do banco central foi avançada pelo Expresso diário e pelo Público, esta segunda-feira.
Questionado, esta tarde, pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa não confirmou o encontro. À margem da 22ª edição do Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas (SISAB), o Presidente da República apenas sublinhou que “continuamos a fazer tudo em Portugal e o Presidente da República continua também a fazer tudo no sentido de estabilizar e consolidar o sistema financeiro”. “É bom termos banca forte. Um sistema financeiro forte e consolidado.”
O Público escreve que esta intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa dá um sinal ao Governo de António Costa de que o chefe de Estado não quererá a saída do atual governador. Já o Expresso noticia que o governador esteve em Belém para “articular” com o Presidente a resposta aos ataques pelas alegadas falhas na supervisão bancária no caso do BES.
O BdP fez dois esclarecimentos no seguimento da reportagem, em três episódios, transmitida pela SIC, mas de pouco valeu. E as críticas vindas dos partidos de esquerda não tardaram, com o próprio líder parlamentar do PS, Carlos César, a dizer, na quinta-feira, que “não há dúvidas que houve falhas muito significativas na supervisão e quem está à frente dessas falhas é o governador do Banco de Portugal”.
Marques Mendes: Marcelo “deve intervir” no braço-de-ferro entre o Governo e Carlos Costa
Este domingo, o ex-líder do PSD Marques Mendes, e conselheiro de Estado, aproveitou o espaço de comentário semanal, na SIC, para dizer que o Presidente da República devia tentar mediar uma solução apaziguadora e “meter ordem na casa”.