Foi detido um homem de 20 anos, James Alex Fields Jr., acusado de ter abalroado uma multidão na contra-manifestação anti-racista em Charlottesville, no estado norte-americano da Virginia. O atropelamento resultou na morte de uma mulher de 32 anos e em 19 feridos, entre os quais cinco em estado grave.

O detido foi acusado de homicídio, três instâncias de agressão maliciosa e por atropelamento e fuga. James Alex Fields Jr. está neste momento detido pelas autoridades, sem direito a fiança, e será levado a um juiz de instrução esta segunda-feira.

As imagens do acidente demonstram como um Dodge Challenger de 2010 embateu fortemente na traseira de um carro, produzindo um choque em cadeia com três viaturas envolvidas. Depois de causar todo este aparato, o carro que seria conduzido por James Alex Fields Jr. saiu em fuga, de marcha-atrás.

O dia foi também marcado pela queda de um helicóptero da polícia, que estava a ser usado para monitorizar as duas manifestações em Charlottesville, o que causou a morte aos dois agentes que seguiam a bordo.

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Entretanto, o FBI já começou a investigar o caso. Em comunicado, o procurador-geral, Jeff Sessions, disse que “as mortes e a violência em Charlottesville atingem no coração a lei e a justiça americana”. “O FBI tem apoiado as autoridades do estado e locais ao longo do dia”, disse. “O procurador Rick Mountcastle começou uma investigação federal e contará com o total apoi do Departamento de Justiça. A justiça prevalecerá.”

O chefe da polícia de Charlottesville, Al Thomas, disse ainda que o atropelamento foi “premeditado”.

Mãe sabia que detido ia a manifestação que “tinha alguma coisa a ver com Trump”

Contactada pela Associated Press, a mãe do suspeito, Samantha Bloom, disse que sabia que o filho ia a uma manifestação. “Eu pensava que tinha alguma coisa a ver com Trump”. Negou, porém, saber que o filho ia a uma manifestação racista, composta por supremacistas brancos. “Trump não é um supremacista branco”, disse. O filho até “tinha um amigo afro-americano…”, acrescentou a mãe de James Alex Field Jr.

Ao Toledo Blade, jornal regional no Ohio, Samantha Bloom contou que deixou um aviso ao filho. “Eu disse-lhe para ter cuidado”, referiu. “E que se era para se manifestarem, que o fizessem pacificamente.” Sobre a manifestação, repetiu que “pensava que tinha alguma coisa a ver com Trump” e acrescentou: “Eu tento afastar-me das opiniões políticas dele. Não me quero envolver demasiado”.

De acordo com o Washington Post, os registos mais recentes demonstram que o suspeito vivia em Maumee, no estado do Ohio. Trata-se de uma cidade perto de Toledo, onde vivem menos de 15 mil pessoas e que dista quase 900 quilómetros de Charlottesville.

O Washington Post falou com um tio de James Alex Field Jr., que não se quis identificar. De acordo com aquele familiar, o suspeito tem uma vida familiar complicada e descreve-o como uma pessoa “não muito amigável e mais soturna”. Ainda antes de ter nascido, o pai foi morto por um condutor embriagado. Foi criado pela mãe, que é paraplégica, no norte do estado do Kentucky. Em 2015, James Alex Field Jr. enlistou-se no exército, mas acabou por desistir ao fim de poucos meses

“Vão para casa”

O governador da Viriginia, o democrata Terry McAuliffe, deixou um apelo em comunicado. “A todos os supremacistas brancos e nazis que vieram a Charlottesville hoje: vão para casa. Vocês não são desejados nesta grande comunidade”. A autarquia de Charlottesville deu à polícia a possibilidade de proibir ajuntamentos na via pública e também de impor um recolher obrigatório.

Confrontos na marcha de supremacistas brancos na Virgínia. Declarado estado de emergência em Charlottesville

A manifestação da extrema-direita, que incluía desde membros do Ku Klux Klan até apoiantes da Alt-Right, foi convocada para protestar contra a remoção de uma estátua de Robert E. Lee, general do exército da Confederação sulista durante a Guerra Civil, de um jardim público. A decisão foi tomada pela assembleia municipal de Charlottesville.