O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, começa esta terça-feira uma visita de quatro dias à República Centro-Africana, onde a violência se intensificou nos últimos meses e o mandato de 12.500 capacetes azuis está para ser renovado. Esta será a primeira visita de António Guterres a uma missão de manutenção da paz da ONU desde que assumiu o cargo, a 1 de janeiro.

O líder da ONU alertou esta terça-feira, numa mensagem em vídeo enviada à imprensa, para os “desafios graves” que o mundo enfrenta, afirmando que existem os “instrumentos e recursos necessários” para os vencer.

O mundo enfrenta desafios graves. Um aumento dos conflitos e das desigualdades, condições meteorológicas extremas e elevados níveis de intolerância”, afirmou António Guterres no âmbito do 72.º aniversário da ONU que também se assinala esta terça-feira.

“Nós temos os instrumentos e os recursos necessários para vencer esses desafios”, sublinhou o secretário-geral das Nações Unidas, acrescentando que é preciso “vontade política para o fazer”.

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Esta deslocação à República Centro-Africana surge num contexto financeiro delicado para a ONU, com uma forte pressão do Presidente norte-americano, Donald Trump, para cortes no orçamento no seio da organização internacional e em certas missões de paz.

“É um pouco um gesto de solidariedade, o de estar com as forças de manutenção de paz num dos ambientes mais perigosos”, explicou o secretário-geral da ONU, numa entrevista à agência francesa France-Presse e à Radio France Internacionale (RFI). De acordo com dados das Nações Unidas, desde o início do ano morreram 67 pessoas em missões de paz da ONU, 12 das quais na República Centro-Africana.

Portugal participa na Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) com 160 militares, a maioria comandos, desde o início deste ano.

O conflito na República Centro-Africana eclodiu após o afastamento do poder, em 2013, do então Presidente, François Bozizé, pelas milícias Seleka, que pretendiam defender a minoria muçulmana, desencadeando uma contra-ofensiva dos anti-Balaka, maioritariamente cristãos. Uma quinzena de grupos armados combate atualmente pelo controlo dos recursos naturais, como diamantes, ouro e pecuária.