O secretário-geral do PCP admitiu, na terça-feira, que o mundo está pior sem o socialismo e sem a União Soviética, após a queda do URSS, em 1991, e defende que “o socialismo é preciso”.

“Sim, o mundo precisa do socialismo”, reclamou Jerónimo de Sousa num discurso de quase 40 minutos num comício organizado pelo PCP, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para comemorar os 100 anos da Revolução de Outubro, na Rússia, e que anos mais tarde levou à criação da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Aplaudido por militantes e simpatizantes que encheram o Coliseu, Jerónimo fez a defesa do comunismo, dos princípios de Marx e Engels a afirmou que o socialismo é hoje uma “exigência da atualidade e do futuro”.

A URSS teve um “inquestionável papel de força motriz de progresso e da paz a nível mundial”, afirmou, na lógica da chamada Guerra Fria com os Estados Unidos, que agora está sem travões.

“O capitalismo, liberto das condicionantes que a existência do socialismo como sistema mundial impunha e funcionando livremente de acordo com as suas regras, não só passou a pôr cada vez mais em causa as liberdades e direitos políticos, como agravou todos os problemas inerentes à sua natureza de sistema explorador, opressor, agressivo e predador estando a conduzir o mundo para barbárie”, alegou.

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E o fim da União Soviética, em 1991, nada teve que ver com a Revolução de Outubro e os seus fundadores, mas sim com o “‘modelo’ de construção do socialismo” que se afastou do “ideal e o projeto comunistas”, alertou.

Além do mais, o secretário-geral dos comunistas insistiu na ideia de que o “socialismo não é incompatível com a democracia, nem teme a democracia”, contrariando as teses das “propaganda anticomunista” O líder comunista deixou elogios à revolução e ao facto de ter transformado a “velha e atrasada Rússia” num país “altamente desenvolvido, mais industrializado e socialmente mais avançado”.

“Foi a pátria dos ‘sovietes’, o primeiro país do mundo a pôr em prática ou a desenvolver como nenhum outro, direitos sociais fundamentais, como o direito ao trabalho, a jornada máxima de oito horas de trabalho, as férias pagas, a igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho, os direitos e proteção da maternidade, o direito à habitação, a assistência médica gratuita, o sistema de segurança social universal e gratuito, e a educação gratuita”, disse, muito aplaudido pelos presentes.

No fim, Jerónimo de Sousa pediu que se celebre a revolução como um “combate que continua” e afirmou o PCP como “um partido comunista que não abdica de o ser”, deixando a promessa: “Fomos, somos e seremos comunistas.”