Esteve no centro de vários crimes: tráfico de drogas, violação, tentativa de sequestro e, mais recentemente, homicídio. Amante e praticante de atletismo, pai de uma menina de 8 anos, José Enrique Abuín Gey — conhecido na região por El Chicle, Chiquilín ou El Chiqui — não é só o autor do sequestro e assassinato de Diana Quer.
Tornou-se internacionalmente conhecido nos últimos dias do ano passado. A 29 de dezembro, El Chicle, foi detido pela tentativa de sequestro de uma jovem na cidade de Boiro, na Corunha — a jovem viria a ser salva por dois homens que passavam na zona e ouviram os seus gritos. Esta tentativa e a detenção foram a peça-chave para o desfecho do caso de Diana Quer, que esteve desaparecida durante 496 dias. A 31 de dezembro, El Chicle confessou o crime: depois de ter visto Diana Quer sozinha na rua, tentou violá-la e estrangulou-a depois de a jovem madrilena ter resistido.
O testemunho da jovem que conseguiu escapar ao El Chicle, que matou Diana Quer
Esta não foi a primeira versão contada por El Chicle nem a reconhecida pelo advogado dele. Antes de confessar o crime, o suspeito disse que tinha atropelado acidentalmente Diana e, com medo, escondeu o corpo. Esta é também a versão que o advogado de defesa de El Chicle, José Ramón Sierra, admite. Aliás, Sierra disse esta sexta-feira que, caso o resultado da autópsia revele que Diana sofreu agressões sexuais, deixará de o representar. Enquanto os resultados não são divulgados, El Chicle corre o risco de ficar sem advogado.
Enquanto isso, o suspeito encontra-se em prisão preventiva desde o dia 1 de janeiro no estabelecimento prisional de Texeiro, na Corunha. El Chicle encontra-se incontactável e isolado. O juiz de instrução decidiu que, não só o suspeito não pode falar com outros reclusos, como também não pode comunicar com ninguém do exterior sem ser com o seu advogado — com quem só poderá encontrar-se na próxima segunda-feira.
Pouco se sabe quanto ao futuro de El Chicle mas o passado é bem conhecido.
Filho de um marinheiro, amante de atletismo e a relação com o falso álibi
A família é conhecida pelo apelido de Os Lanchós. O pai é um marinheiro reformado e a mãe trabalhou numa fábrica de conservas. Tem 41 anos, nasceu e cresceu em Taragoña, no município de Rianxo, na Corunha, Espanha onde continua a viver — e onde tentou violar, estrangulou e escondeu o corpo de Diana Quer. É também o lugar onde um pescador encontrou o telemóvel da jovem — um momento-chave da investigação.
El Chicle é praticante de atletismo, embora não corra há meio ano por causa de uma lesão que sofreu e uma operação que fez ao ombro direito. Inscreveu-se numa equipa em Moraña, em Pontevedra, na Galiza.
Pai de uma filha de oito anos, El Chicle é casado com Rosario Rodríguez há 15 anos. Conheceram-se quando eram adolescentes. Rosario protegeu o marido ao longo de toda a investigação, ao dizer às autoridades que estava com ele na noite do desaparecimento da jovem madrilena. É a Rosario que se deve o desfecho do caso. A mulher disse às autoridades que mentiu e que não esteve com El Chicle naquele noite.
[Veja aqui os oito momentos-chave da investigação ao desaparecimento da Diana Quer]
[jwplatform wLGenp3T]
A cunhada de El Chicle, a primeira vítima
Em 2005, a irmã gémea de Rosario acusou El Chicle de a ter violado. Na altura, recorda o jornal ABC, ninguém acreditou na jovem, então com 17 anos, quando contou que o cunhado a tinha violado dentro de um carro. No processo a que o jornal teve acesso, está detalhado que chegou a haver penetração.
O caso ficou por ali. Além de ninguém ter acreditado na irmã gémea de Rosario, a própria vítima não avançou e retirou a queixa. El Chicle não chegou a ser condenado e foi absolvido.
Os próprios pais de El Chicle contribuíram para que o caso não tivesse avançado. Alguns vizinhos disseram ao ABC que, na altura, os pais imploraram por álibis para o filho e apelaram a vizinhos que contassem uma versão para desmantelar a história contada pela irmã gémea de Rosario. Na altura, a mãe de El Chicle chegou mesmo a dizer que a jovem “inventou” e que “estava com ciúmes da irmã“. Anos depois, a mãe diz que o filho é “um monstro”.
Membro do grupo de tráfico de droga “Os Fanchos”
Em 2007, El Chicle acabou mesmo à prisão. Foi preso por tráfico de droga. Mais precisamente, por pertencer ao grupo “Os Fanchos” — uma rede de traficantes de drogas da zona. Na altura, 12 pessoas foram presas e 20 quilos de cocaína foram apreendidos. El Chicle foi um deles e ficou preso durante dois anos. Na prisão, aprendeu a ser carpinteiro de navios. Depois de deixar a prisão, acabou a trabalhar num estaleiro em Rianxo, em Tarragoña.
“Estamos muito preocupados com a imagem que vamos transmitir. As pessoas vão pensar que há traficantes aqui a assassinar pessoas, quando este é um lugar totalmente calmo. É que nada acontece aqui”, disse uma vizinha ao jornal El País.