António Filipe, deputado do Partido Comunista, disse esta quinta-feira no programa da TSF “Política Pura” que “os compromissos que o Governo assume em Bruxelas são compromissos do Governo” e que “em Portugal, o Governo tem de cumprir o que está no Orçamento do Estado”. O deputado afasta, contudo, um cenário de crise na geringonça.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira o Programa de Estabilidade 2018-2022, que será discutido na Assembleia da República no dia 24 de abril. Mário Centeno manteve a revisão do défice para 0,7% este ano, apesar do desagrado que causou aos parceiros de coligação. Desde que tutela o Ministério das Finanças, Centeno já reduziu o défice em 1700 milhões além do acordado e quer chegar aos 2.460 milhões já este ano.

Centeno vai 2.460 milhões além do défice acordado com a esquerda

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Filipe disse ainda que “o Governo não pode invocar os compromissos assumidos em Bruxelas para não cumprir o que está no Orçamento do Estado para 2018”. As palavras do deputado visavam António Costa e Mário Centeno, o Ministro das Finanças, que antecipa um défice de 0,7%, inferior ao que estava estipulado no Orçamento para 2018.

No mesmo programa, também Jorge Costa, dirigente do Bloco de Esquerda, acusou o Governo de ter introduzido “um fator de imprevisibilidade, de incerteza e de destabilização que é nova e não é aceitável”. A tensão entre o Governo e os parceiros não é nova e Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda, já tinha dito numa audição de Mário Centeno no Parlamento que “o ministro das Finanças vai, contrariamente e orgulhosamente, além das metas do défice”.

Agora, na TSF, Jorge Costa lembrou que “o voto do Bloco de Esquerda está sempre em aberto” e que “o próximo Orçamento, para existir, tem que ter uma maioria no parlamento.”

Jorge Costa criticou Mário Centeno por antecipar o que vai ser o próximo Orçamento para 2019 sem ter negociado antes com os parceiros de coligação. “Não é aceitável que isso aconteça”, disse. Tal como António Filipe, também Jorge Costa recusou que a geringonça esteja a atravessar uma crise política.