O Mercedes AMG Project One promete abanar (violentamente) o mercado dos superdesportivos. Sem envergar os emblemas tradicionais desta classe de veículos, da Ferrari ou da Lamborghini, o Project One tem merecido grande atenção da parte dos potenciais compradores. E o apelo provém não só do facto de estar equipado com um motor de F1, um V6 com 1,6 litros capaz de atingir 11.000 rpm e soprado por turbocompressor, mas também por a produção estar limitada a apenas 275 exemplares.

Concebido e produzido na sede da equipa de F1 Mercedes-Petronas em Brackley, Inglaterra, o Project One surge agora muito perto da versão final de produção em (pequena) série. Tendo previsto começar a ser entregue aos clientes em 2019, entre os quais figura um português que pagou cerca de 3 milhões pela única unidade destinada ao nosso mercado, a Mercedes divulgou agora imagens do seu superdesportivo a rodar nas pistas de ensaios de Millbrook, em Bedfordshire.

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Segundo Tobias Moers, o responsável pela AMG, o Project One irá tentar, muito provavelmente antes de começar a ser entregue a clientes, “bater o recorde da melhor volta em Nürburgring, para veículos de produção em série e homologados para circular em estrada”. Moers está obviamente confiante no potencial do chassi, mas igualmente na mecânica. Não que seja a mais possante do mercado, mas porque fornece uma relação peso/potência que a Mercedes prevê difícil de igualar. Para começar monta o pequeno e ligeiro motor 1.6 V6 sobrealimentado, similar ao que equipa os F1 da Mercedes, mas numa versão menos “puxada”, pois em vez que atingir 13.500 rpm, está limitado a “apenas” 11.000 rpm, ainda assim uma brutalidade só possível para um motor de competição. É claro que esta sofisticação tem um preço, que neste caso se traduz na necessidade de refazer por completo o motor – o que terá necessariamente custos assustadores – a cada 50.000 km, o que decididamente eleva os custos de utilização do possante brinquedo.

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Ao 1.6 V6 Turbo, que deverá fornecer um pouco mais de 680 cv, passando a sua potência às rodas traseiras, o Project One alia dois motores de 163 cv cada, montados em cada uma das rodas da frente, para assegurar não só a tracção às quatro rodas como a possibilidade de percorrer 25 km em modo exclusivamente eléctrico, alimentados que estão por uma pequena bateria de iões de lítio com 100 kg, o que deve corresponder a uma capacidade em torno de 15 kWh, se for barata, ou 20 kWh se for mais sofisticada e dispendiosa.

Mas os dois motores eléctricos montados à frente servem, sobretudo, para elevar a potência total para um valor acima de 1.000 cv. Existem mais dois motores eléctricos a bordo do Project One, mas nenhum contribui directamente para movimentar o veículo. Um garante que o turbocompressor não tem qualquer atraso na resposta ao acelerador, pois coloca a turbina em movimento instantaneamente, enquanto o outro gera electricidade a partir dos gases de escape, para manter a bateria carregada, tal como acontece nos F1.

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A Mercedes anuncia menos de 6 segundos de 0-200 km/h, um bom valor, tanto mais que o mais potente (mas também mais pesado) Bugatti Chiron anuncia 6,5 segundos (já agora, o eléctrico Rimac C_Two atinge esta mesma fasquia em 5,6). Contudo, a velocidade máxima não supera 350 km/h, valor arrepiante, mas não para 1.000 cv ou para um veículo desta estirpe (o Chiron está limitado a 420 km/h por causa dos pneus, mas em breve vai poder atingir 463 km/h com os novos pneumáticos da Michelin). Isto deu força ao argumento de Adrian Newey, o projectista dos F1 da Red Bull e o “pai” do Aston Martin Valkyrie, o grande adversário do Project One, que afirma que “há desportivos que anunciam muita potência, mas por pouco tempo, só enquanto tiverem bateria”, numa referência que todos interpretaram ser uma indirecta à Mercedes. O Valkyrie vai ter assistência eléctrica, mas muito mais potência no motor térmico – um imponente 6.5 V12 atmosférico –, que Newey acredita ser uma melhor opção para um carro de estrada, mesmo se superdesportivo.