António Costa levou esta terça-feira aos deputados do PS um orçamento que diz ser bom bom para as famílias, bom para as empresas, bom para a cultura, para o interior — e ainda que foi desenhado “a pensar no futuro”. Mas, entre as boas notícias, a reunião do primeiro-ministro com a bancada parlamentar do PS para apresentação do “quarto e último” orçamento da legislatura arrancou com farpas à direita.

“Sublinho quer o quarto quer o último porque, quando iniciámos esta legislatura, muita gente não acreditava que aqui estaríamos para apresentar o quarto orçamento, e quem se habituou à governação anterior duvidava de que só houvesse um orçamento por ano e não passasse a ser norma haver um orçamento retificativo para apresentar a cada ano”, começou por dizer o primeiro-ministro no auditório Almeida Santos, do edifício novo da Assembleia da República. A audiência gostava daquilo ouvia: “Ou mais”, ouviu-se uma deputada dizer.

Retomada a “normalidade” de, ano após ano, haver “um orçamento e só um orçamento”, Costa congratulou-se com um documento base que, diz, servirá para “continuar a melhorar a vida dos portugueses, com contas certas”. À sua direita, estava Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e o homem das maratonas negociais do Orçamento com os parceiros à esquerda, PCP, Bloco e PEV. À esquerda, para lá do líder da bancada parlamentar, Carlos César, estavam os secretários dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, e o vice-presidente da bancada Filipe Neto Brandão.

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Costa foi ao Parlamento para apresentar as linhas gerais de um documento que colocará Portugal a “crescer mais do que a média da União Europeia”, que permitirá “continuar a reduzir o desemprego” e também “aumentar o investimento público”.

Mas é também um orçamento que “melhora a vida das famílias portuguesas” — porque parte do pressuposto de que os contribuintes vão pagar “menos mil milhões de euros” em IRS do que em 2015, reduz o custo da energia e dos transportes.

Um orçamento que, no capítulo das empresas, procura assegurar “boas condições para investir”e que prevê incentivos fiscais para a criação de emprego no interior do país. E um documento que, em ano eleitoral, também dedica um olhar especial à Função Pública, ao descongelar carreiras, repor atribuição de prémios, ao mesmo tempo que o Governo negoceia as “condições em que possa voltar a haver uma atualização” dos vencimentos dos funcionários públicos, sempre “de acordo com a capacidade orçamental deste ano”.

Mas, por surgir “em termo de legislatura”, é também um documento “focado no futuro”. Um Orçamento com “encargos para futuro” mais leves: porque “a redução de serviço da dívida pública, a par da criação de emprego, é a explicação para reduzir o défice” sem cortar pensões, sem cortar salários e sem aumentar carga fiscal. A fechar, ficou mais essa farpa de António Costa à direita parlamentar.

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