A estrutura base do sistema de exames francês, o baccalauréat, sofreu poucas alterações desde que foi estabelecido pelo Imperador Napoleão Bonaparte em 1808. O atual Presidente francês, Emmanuel Macron, quer reformular o sistema educacional, e modificar as provas que assinalam o final do 12.º ano é um dos passos anunciados. Mas, como relatam o France Inter e o Ouest France, vários professores franceses são contra a mudança e, em protesto, estão a dar notas máximas aos alunos para inflacionar as notas dos estudantes antes do exame.

Emmanuel Macron quer diminuir o número de exames, focar a matéria e tornar o baccalauréat uma via mais clara para aceder ao ensino superior, encaminhando os alunos mais cedo para cursos e ramos de estudo específicos. Alguns professores consideram que o novo sistema pode reforçar a divisão de classes na sociedade francesa, empurrando estudantes de famílias mais desfavorecidas para cursos menos qualificados e desencorajando o progresso social, conforme relata o France Inter.

Macron regista os níveis de popularidade mais baixos desde que foi eleito

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Um professor da escola Jean-Perrin explicou ao Ouest France que o protesto atacava o governo sem prejudicar os alunos: “Corrigimos os testes e trabalhos e damos as notas reais aos alunos. Mas depois pomos sempre a nota máxima no portal de notas da escola”. O boicote é interpretado por um docente da escola Sophie Germain como “um bloqueio administrativo” que impede o sistema de funcionar, tendo em conta a importância das notas para o sistema educativo francês.

Ao Le Monde, o governo francês argumenta que os professores contestatários são uma minoria, sendo a mudança apoiada pelo maior sindicato nacional de dirigentes escolares. O executivo sublinha ainda que tem garantido várias mudanças bem sucedidas na educação francesa, incluindo a diminuição do número máximo de alunos por turma (para metade em certas localidades). Emmanuel Macron defende que o atual baccalauréat não prepara devidamente os alunos para o mercado laboral.

Milhares de “coletes amarelos” juntam-se em Paris pelo 15.º sábado consecutivo

Emmanuel Macron conquistou a presidência francesa em 2017, e tenta em 2019 recuperar de uma longa quebra de popularidade ligada aos violentos protestos dos coletes amarelos. Também a educação foi um tema desses protestos. As medidas mais exigentes para a admissão de alunos no ensino superior, em específico, geraram críticas ao governo francês. Antes, em abril de 2018, estudantes bloquearam a entrada de várias universidades e escolas politécnicas.