Pedro Santos Guerreiro deixou a direção do Expresso. De acordo com o comunicado do grupo Impresa, a decisão foi tomada “entre a administração do Grupo Impresa e Pedro Santos Guerreiro”. Será Ricardo Costa, atualmente diretor-geral de Informação do grupo a assumir a direção do jornal interinamente. Uma mudança decidida depois de uma reunião com o Conselho de Administração do semanário que decorreu esta manhã.
O ambiente no jornal já estava tenso nos últimos dias depois da demissão do editor de Política, Vítor Matos. Em causa estava a newsletter matinal que deveria ter sido escrito pelo jornalista. Por esquecimento, Vítor Matos não o terá feito, e o diretor, Pedro Santos Guerreiro, terá dado ordens para que elementos da redação a escrevessem e assinassem com o nome do editor de política. Apanhado de surpresa com a publicação da newsletter com o seu nome, Vítor Matos apresentou a demissão, que nunca chegou a ser aceite pela direção.
Para além de Pedro Santos Guerreiro, até agora publisher e diretor, a direção do Expresso é composta por Martim Silva, diretor executivo, João Vieira Pereira e Miguel Cadete, diretores-adjuntos, e Marco Grieco, diretor de arte.
A informação inicialmente avançada pelo Observador, apurada junto de várias fontes do jornal, dava conta de que com a saída do diretor toda a direção caía também por inerência. Mas fonte oficial do grupo Impresa não confirma essa informação. Haverá uma reconfiguração, desde logo com Ricardo Costa como diretor interino, mas os restantes elementos da equipa deverão permanecer em funções.
Ao que o Observador apurou junto de fonte do grupo Impresa, Ricardo Costa deverá ficar como diretor do semanário por um curto período de tempo, sendo que uma solução permanente estará já a ser trabalhada pela administração. De acordo com o comunicado oficial distribuído às redações, a escolha de Costa, que é também diretor de Informação da SIC, foi feita “tendo em conta o conhecimento que tem do jornal (integrou a sua direção entre 2009 e 2016), e pelo facto de as redações do Expresso e da SIC partilharem o mesmo espaço.”
Conselho de redação discute caso do editor de Política
De acordo com o próprio Expresso, o CEO do grupo, Francisco Pedro Balsemão, enviou uma nota interna aos trabalhadores onde agradeceu a Pedro Santos Guerreiro “a sua lealdade, rasgo, combatividade e entrega ao Expresso e às suas causas e projetos, desde o Diário ao lançamento do saco de papel, e ainda a Tribuna e o 2:59”.
Na mesma nota, Francisco Pedro Balsemão destaca ainda “o seu contributo para a digitalização do jornal e para o aumento da produtividade da redação, que continuarão o seu curso”.
Ao que o Observador apurou, Vítor Matos só teve conhecimento da publicação da newsletter assinada por ele (embora não a tenha escrito) momentos antes de chegar à caixa de correio eletrónico dos assinantes. O editor de Política terá tentado contactar Pedro Santos Guerreiro por sms, contestando a decisão, sem nunca obter resposta. Ao final do dia dessa segunda-feira, apresentou a carta de demissão junto da direção do jornal.
O caso foi considerado grave pelo Conselho de Redação do semanário que convocou uma reunião para esta quinta-feira à tarde, sendo este o único ponto da agenda. Entretanto o diretor saiu, mas a reunião mantém-se agendada.
Pedro Santos Guerreiro estava no Expresso desde 2014, e vai continuar ligado ao jornal como colunista. Antes trabalhou no Semanário e fez parte da equipa de fundadores do Jornal de Negócios, tendo sido diretor deste jornal de 2007 a 2013.
(Em atualização)