Continua a tensão no Estreito de Ormuz: o Reino Unido vai enviar um segundo navio de guerra para o zona depois de o Irão ter exigido a libertação do petroleiro apreendido na semana passada, avisando Londres de que está a fazer “um jogo perigoso”, e de um clérigo iraniano ter ameaçado o país, dizendo que será “esbofeteada” por ter “ousado” capturar o Grace 1.
Será o navio HMS Duncan, Type 45 Destroyer que completou recentemente uma missão para a NATO no Mar Negro a ir nos próximos dias para a região, diz a Sky News. O HMS vai operar ao lado da fragata da marinha real britânica e dos aliados dos EUA no Golfo Pérsico. O porta-voz oficial da primeira-ministra Theresa May já tinha dito, segundo o mesmo órgão de comunicação, que o Reino Unido e os Estados Unidos estãp em conversações para que a presença militar no Golfo Pérsico seja reforçada.
A notícia do envio do HMS surge depois de esta sexta-feira de manhã, um clérigo ter ameaçado o Reino Unido na televisão estatal iraniana enquanto falava aos fiéis durante o momento de oração: “O Irão vai em breve esbofetear o rosto do Reino Unido por se ter atrevido a prender o petroleiro iraniano”. O tom do religioso está alinhado com o do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Mousavi, ao declarar à agência de notícias estatal IRNA que “os pretextos legais para a apreensão não são válidos… A libertação do petroleiro é do interesse de todos os países.”
Os comentários do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão acontecem um dia depois de a polícia de Gibraltar, território britânico no sul de Espanha, confirmar a detenção do capitão e de um oficial do petroleiro iraniano ‘Grace 1’, com base em suspeitas de violação das sanções europeias por transportarem petróleo bruto para a Síria.
Teerão admitiu que o navio transportava petróleo iraniano, mas negou que fosse para a Síria.
Segundo as autoridades de Gibraltar, a interceção do navio aconteceu em águas territoriais britânicas, numa zona reivindicada pela Espanha, que considera Gibraltar parte integrante do seu território.
Espanha disse que a decisão de travar o navio foi realizada a pedido dos Estados Unidos, mas Gibraltar negou na quinta-feira essa informação, afirmando que agiu por decisão própria “baseada na violação de leis existentes e não em considerações políticas estrangeiras”.
Para além de ter arrestado o navio e detidoso capitão e um oficial do petroleiro, os fuzileiros britânicos também apreenderam vários documentos e dispositivos eletrónicos. Os dois homens, ambos de nacionalidade iraniana, já foram interrogados. “A investigação está a decorrer e o Grace 1 continua apreendido”, esclareceu a polícia britânica num comunicado, citada pelo Evening Standard.
A interceção do navio, que ocorreu a 04 de julho, contribuiu para o aumento do clima de tensão na região, enquanto o executivo de Trump continua a campanha de pressão máxima sobre o Irão.
A Marinha britânica revelou, na quinta-feira, que impediu que três navios paramilitares iranianos interrompessem a passagem de um petroleiro britânico pelo Estreito de Ormuz, a foz estreita do Golfo Pérsico.
O impasse breve, mas tenso, resultou da ação do Reino Unido em apreender o petroleiro iraniano.
O Irão começou recentemente a ultrapassar os limites do enriquecimento de urânio, como resposta à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear há um ano atrás.
O acordo nuclear foi estabelecido em 2015 e assinado por várias potências mundiais.
Trump também impôs sanções duras às exportações de petróleo do Irão, agravando a crise económica que fez com que a sua moeda caísse drasticamente.