Um tribunal italiano autorizou o navio espanhol Open Arms, que tem a bordo 151 migrantes e está à espera de um porto para desembarcar há 13 dias, a entrar em águas de Itália. O tribunal justifica a decisão da suspensão da proibição de entrada de navios em território nacional com a necessidade de “permitir o socorro das pessoas a bordo”. A informação foi avançada pelo El País.

O tribunal argumenta que a situação de perigo em que a tripulação se encontra exige uma resposta sem demora e que se trata de uma situação de “gravidade e urgência excecionais”. O decreto do Tribunal Administrativo Regional de Lazio não indica, no entanto, um porto para o desembarque.

A organização humanitária espanhola Open Arms já tinha denunciado na terça-feira o “abandono” pela Europa do seu navio com 151 migrantes a bordo no centro do Mediterrâneo, enquanto espera por um porto para o desembarque. A organização não-governamental (ONG) lamentou esta situação nas suas redes sociais e disse que “cada dia que passa é mais difícil”.

“É o infame silêncio da Europa. A falta de humanidade e empatia torna-os mais culpados”, censurou a organização, visando os países da Europa por não permitirem o desembarque desses migrantes salvos no Mediterrâneo, uma das rotas de migração mais perigosas do mundo.

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O navio humanitário está localizado a 29 milhas da costa da ilha italiana de Lampedusa, mas não pode entrar no seu porto devido à proibição do ministro do Interior do país, Matteo Salvini, que ameaça multas e apreensão do barco.

A bordo estão, sobrelotados no convés, 151 imigrantes resgatados em três operações diferentes nos últimos dias, todos salvos do mar depois de partirem da violenta e convulsiva Líbia.

Na segunda-feira, duas mulheres doentes foram levadas para Malta com os seus familiares, um total de oito pessoas, e um dia antes um homem teve de ser transferido para um hospital em Lampedusa.

A tripulação do navio espera um agravamento das condições do mar nas próximas horas.

Open Arms estuda possibilidade de atracar sem autorização depois de quase duas semanas à espera

Da Itália, o ministro do Interior Salvini afirmou que, como o navio é espanhol, os migrantes são de responsabilidade de Madrid. A ONG solicitou asilo à embaixada espanhola em Malta para 31 menores que estão a bordo do seu navio (que tem o mesmo nome da organização).

No entanto, o ministro do Fomento espanhol, José Luis Ábalos, disse esta terça-feira que o capitão do navio humanitário “não tem capacidade legal” para pedir asilo para os resgatados.

A Comissão Europeia declarou que está em contacto com os Estados-Membros da União para explorar soluções para os migrantes a bordo do Open Arms.

Por outro lado, outros 356 migrantes aguardam a bordo do navio Ocean Viking, fretado pelas ONG Médicos Sem Fronteiras e pela SOS Mediterranée, após mais 105 terem sido salvos na segunda-feira.

Artigo atualizado às 17h00 desta quarta-feira com a decisão do tribunal italiano de permitir a entrada do navio em águas de Itália