O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, apelou esta segunda-feira para que não se deixe “nenhuma hipótese, nenhuma opção” aos grupos jihadistas no Sahel, tendo ainda pedido o envolvimento de todos os Estados da África Ocidental.

“Uma coisa é certa: os grupos jihadistas beneficiarão, assim que puderem, das nossas fraquezas, falta de coordenação ou insuficiências em termos de recursos, compromissos ou formação”, afirmou Edouard Philippe, na abertura do Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança. “Não devemos dar-lhes nenhuma hipótese, nenhuma opção”, vincou o governador francês.

Edouard Philippe sublinhou que, em alguns territórios, a ameaça jihadista foi, “se não erradicada, pelo menos contida ou reduzida”. No entanto, referiu que “em outros territórios, essa ameaça está a crescer”, em particular “em terrenos com tensões preexistentes” e aproveitando “a corrupção e o tráfico”.

O contexto de segurança no Sahel deteriorou-se nos últimos meses, levando a que se questione a eficácia dos exércitos nacionais e das forças estrangeiras no país, incluindo a operação anti-jihadista francesa Barkhane, que mobiliza 4.500 soldados uma área vasta área.

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No início de novembro, uma emboscada no leste do Burkina Faso contra um comboio de uma empresa mineira do Canadá matou 38 pessoas, levando mesmo a um luto nacional de três dias. Um soldado francês que integrava a operação Barkhane também foi morto por um engenho explosivo no nordeste do Mali, um dia depois de um ataque a um campo militar maliano na mesma região ter provocado 49 mortos.

O primeiro-ministro francês assinalou o empenho das forças francesas no Sahel, considerando que “o preço humano e militar” a pagar é “elevado”.

Na semana passada, após reunir-se com os seus homólogos do Chade, Níger e Mali, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou medidas iminentes para melhorar a luta contra os grupos jihadistas no Sahel.

Emmanuel Macron espera construir sobre a força conjunta do G5-Sahel, que conta com cerca de 5.000 soldados da Mauritânia, Mali, Níger, Burkina Faso e Chade, e assim complementar a operação Barkhane.

A vontade francesa é que todos os Estados da África Ocidental participem no Pacto de Estabilidade e Segurança anunciado na reunião do G7, realizado em agosto em Biarritz, em França. “Mesmo que estes Estados não sejam diretamente confrontados com a crescente ameaça terrorista, eles têm parte da solução para a combater”, disse hoje Philippe, na sua intervenção.

O primeiro-ministro francês considera que o próximo passo agora é “convidá-los a fazê-lo, num espírito de compromissos recíprocos entre os países da região e os parceiros internacionais”. Nesse sentido, França apoia o aumento do poder do Exército do Senegal prometido pelo Presidente Macky Sall até 2025, compromisso que comporta um aumento de 20.000 para 30.000 elementos.