A intervenção do deputado do CDS Telmo Correia obrigou a deputada única do Livre, Joacine Katar Moreira a invocar a defesa da honra para poder responder ao deputado democrata-cristão. Joacine já tinha completado a sua intervenção no debate, depois da apresentação de todas as propostas de alteração à Lei da Nacionalidade, mas não deixou que as afirmações de Telmo Correia passassem sem resposta.

“Esta alteração à Lei da Nacionalidade é de quem desvaloriza a nacionalidade, a nação portuguesa. No caso do Livre não nos surpreende, vimos bem como tratam alguns símbolos nacionais”, disse Telmo Correia no final da intervenção, motivando a defesa de Joacine Katar Moreira.

“É inadmissível num ambiente igual a este eu estar a ouvir de senhores deputados de que andei em manifestações a atacar qualquer simbologia nacional. É inadmissível. Em momento algum eu realizei isto. Em momento algum eu atentei à simbologia nacional. É uma mentira absoluta”, respondeu a deputada do Livre apoiada pelos aplausos da bancada do PS.

Ainda antes que o deputado do CDS pudesse responder, a bancada do Bloco de Esquerda pedia a Telmo Correia que pedisse “desculpa” pela intervenção anterior.

Na resposta, Telmo Correia desmentiu ter dito o que Joacine Katar Moreira invocava. “Não disse que a senhora deputada tinha ofendido símbolos nacionais, não vou invocar nenhuma separação entre sua excelência e o Livre. Existiu aqui à porta do Parlamento uma manifestação do seu partido a dizer que a bandeira nacional era colonialista e não é admissível”, disse perante um mal-estar evidente nas bancadas do hemiciclo, especialmente na esquerda que foi interrompendo a intervenção do deputado do CDS.

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A deputada do Livre chegou mesmo a colocar-se de pé e a exclamar “é mentira, é mentira”, quando Telmo Correia afirmava que em algum momento o partido recém-chegado ao hemiciclo tinha desrespeitado os símbolos nacionais.

Em causa, uma manifestação de solidariedade com a deputada Joacine Katar Moreira frente ao Parlamento do Coletivo Resistimos na mesma altura em que nas redes sociais circulava uma petição para impedir que a deputada única do Livre tomasse posse por ter erguido uma bandeira do seu país natal, Guiné-Bissau, quando soube da eleição, e por ser gaga.

Meia centena de pessoas junta-se na AR em solidariedade com deputada Joacine Moreira

Também nas redes sociais chegou a circular, em outubro e novamente a meio de novembro, um Tweet manipulado, que tentava passar a ideia que a deputada do Livre quereria alterar as cores da bandeira portuguesa, para “multicolor” à semelhança da população. Tal como o fact-check do Observador concluiu na altura, Joacine nunca fez tal tweet, nunca proferiu tais palavras, nem o Livre tem qualquer proposta de uma bandeira alternativa, independentemente da configuração estética dessa bandeira.

Fact Check. Joacine propõe uma nova bandeira portuguesa com as cores da Guiné?