O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou na tarde deste sábado as zonas do vale do rio Mondego afetadas pelas cheias e sublinhou a importância de aprender “com a experiência” destas catástrofes.

Acompanhado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e pelo presidente da câmara municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, Marcelo esteve na zona de Ereira sobretudo para escutar os relatos da população sobre o que aconteceu na semana passada quando, na sequência da passagem das depressões Elsa e Fabien pelo território português, a rutura de dois diques provocou grandes cheias em Montemor-o-Velho e obrigou à evacuação de uma grande região.

Em Ereira, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou as cheias de 2001, o último grande fenómeno semelhante a afetar aquela região, deixando na altura centenas de pessoas desalojadas. O Presidente sublinhou que, desde essa altura, houve uma grande evolução nos mecanismos de prevenção das cheias — que é necessário continuar a melhorar.

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“Aprende-se com a experiência”, afirmou o Presidente da República, poucos momentos depois de lhe ter sido mostrado um azulejo que hoje recorda a altura a que a água chegou em 2001. “Estivemos ali a ver a altura da água em 2001. Foi um caudal menor e uma situação menos grave e, apesar de tudo, os prejuízos foram muitíssimo superiores ao que foi agora.”

“Há muito a aprender, retirar conclusões. Felizmente, o senhor presidente [da câmara de Montemor-o-Velho] tem dito o que é que está pensado fazer-se imediatamente e o que é que está pensado fazer-se a seguir. E agora tem de ser feito”, assinalou Marcelo, elogiando os planos da autarquia e do Governo para reforçar o controlo da água no Baixo Mondego.

Marcelo, que mesmo durante a visita que fez aos militares portugueses no Afeganistão foi acompanhando a situação no rio Mondego, elogiou no local “a capacidade de resistência das populações, do povo, a estrutura de Proteção Civil e a colaboração das várias instituições”.

“Só vendo é que se tem a noção exata daquilo que pela televisão já impressiona muito”, afirmou o Presidente da República, lembrando que esteve sempre em contacto com a autarquia durante as cheias. “Uma coisa é ouvir, ver na televisão, ter o presidente da câmara a mandar-me fotografias permanentes, mas depois é diferente ver”, disse. “É diferente quando se vê, passados tantos dias, onde é que está a água. Imagina-se aquilo que foi a preocupação e a aflição das pessoas há uma semana.”

Sem se alongar nas declarações à imprensa, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que quis essencialmente ouvir: “Agora foi o senhor presidente da Junta de Freguesia, já tinha ouvido o senhor presidente da câmara, já tinha ouvido também o senhor presidente da Câmara de Soure e o senhor ministro”.

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Depois, Marcelo falou com os muitos habitantes que acompanharam a visita. “Contaram-me a sua experiência. Houve quem vivesse as cheias dos anos 70, dos anos 80, de 2001. Cada um contou a sua experiência. Há coisas que é preciso fazer rápido — dois meses, três meses, que o Inverno ainda está longe do fim. E depois há outras que é preciso fazer com mais tempo, as comportas e outras obras que é preciso fazer. Há aqui um grande acordo sobre o que é preciso fazer. Isso é importante, e há uma grande força de vontade da população.”

“Também se falou aqui do que era preciso fazer, aqui bem perto, para garantir que não haja para o futuro uma situação como aquela que se viveu”, sublinhou.

A passagem das depressões Elsa e Fabien no território português provocou dois mortos e um desaparecido e deixou 144 pessoas desalojadas. Durante a semana passada, foram registadas mais de 11.600 ocorrências no território nacional, sobretudo inundações e quedas de árvores.

O mau tempo provocou também muitos condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária. Um dos principais problemas foi a inundação da zona de Alfarelos, que obrigou ao corte da linha do Norte (que liga Porto e Lisboa), e cujos danos ainda não estão completamente avaliados.