A empresária Isabel dos Santos, que foi constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos na petrolífera angolana Sonangol, esteve em Portugal numa visita-relâmpago para assinar procurações de forma a conceder “plenos poderes” a representantes legais no processo de venda da posição no EuroBic. Segundo o Jornal de Notícias, saiu do país na quinta-feira, à mesma hora em que a  Procuradora-Geral da República de Portugal, Lucília Gago, e o homólogo angolano, Hélder Pitta Grós, terminavam uma reunião de cerca de uma hora e 20 minutos.

A filha do ex-presidente de Angola, que está envolvida no escândalo conhecido como Luanda Leaks, deixou o país num avião da TAP, rumo a Londres, quando os procuradores-gerais — o general angolano Hélder Pitta Grós e Lucília Gago — terminavam o encontro, pouco depois das 16 horas. A empresária terá chegado quarta-feira com um passaporte angolano (não usando o russo), no dia em que foi constituída arguida pela justiça angolana, juntamente com quatro portugueses: Mário Leite Ferreira, gestor de Isabel dos Santos, Paula Oliveira, amiga e administradora da NOS, Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, e Nuno Ribeiro da Cunha, gestor de conta da empresária que foi encontrado morto na noite de quarta-feira.

Luanda Leaks. Quem são os portugueses constituídos arguidos em Angola?

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Isabel dos Santos aterrou no Aeroporto de Heathrow, em Londres, perto das 19 horas. Ao jornal, fontes relacionadas com os negócios da empresária garantem que dificilmente voltará a Portugal nos próximos tempos.

Segundo o jornal, Isabel dos Santos terá ainda participado na decisão de saída de três administradores não executivos da NOS que por si tinham sido indicados — Jorge Brito Pereira, Mário Leite da Silva e Paula Oliveira — e na decisão sobre o novo gestor do EuroBic que irá substituir Nuno Ribeiro da Cunha.

Ainda durante quinta-feira, a arguida voltou a declarar inocência. Em declarações à Reuters, Isabel dos Santos garantiu que todos os negócios em que está envolvida foram aprovados por “advogados, bancos, auditores e reguladores”. “As alegações que foram feitas contra mim nos últimos dias são extremamente enganadoras e falsas. Procuraremos esclarecer a nossa posição em relação às últimas acusações ”, afirmou numa nota enviada à agência de notícias.

Isabel dos Santos diz que “as alegações são extremamente enganadoras e falsas”

Aos jornalistas, o procurador-geral angolano, Hélder Pitta Grós, que reuniu com a PGR não prestou declarações aos jornalistas nem esclareceu se veio solicitar a colaboração das autoridades portuguesas. Adiantou apenas que vinha “pedir ajuda de muita coisa” à PGR portuguesa.

Isabel dos Santos é suspeita de crimes de branqueamento de capitais, falsificação de documentos, abuso de poder e tráfico de influências.