Emmanuel Macron falou esta segunda-feira aos franceses. Com o escalar dos números no país — mais de 6.600 infetados e 120 vítimas mortais segundo o último balanço –, o presidente apertou as medidas com vista à contenção da Covid-19, intensificando as restrições ao normal quotidiano dos franceses. “Nunca na história França teve de tomar medidas tão excecionais em tempo de paz”, declarou Macron.
Durante 15 dias, a partir do meio-dia desta terça-feira, as deslocações serão reduzidas a mínimos indispensáveis, de forma a “limitar ao máximo os contactos”. Mas há exceções: para quem precisa de receber cuidados médicos, para idas às compras de bens essenciais, para breves práticas de exercício físico ao ar livre e para quem vai trabalhar, em casos em que não seja possível aplicar o regime de teletrabalho.
“Estamos em guerra, uma guerra de saúde, claro. Não estamos a lutar contra um exército ou contra outra nação. Mas o inimigo está lá, invisível e ilusório, a avançar. E isso requer a nossa mobilização geral”, declarou o presidente francês.
As ordens são de confinamento e Macron anunciou também a que os incumprimentos serão alvos de sanção. Para fazer cumprir as medidas, que limita todos os ajuntamentos em público por muito pequenos que sejam, no interior ou no exterior, ministro do interior francês, Christophe Castaner, já anunciou um reforço de 100 mil polícias nas ruas de forma a fazer cumprir as últimas diretrizes. “Este sistema vai estar baseado em pontos de controlo fixos, mas também móveis, quer nos eixos principais, quer nos eixos secundários, em todo o território nacional”, indicou Castaner. Segundo este, as multas por desobediência destas regras podem ir dos 38 aos 135 euros.
Também a partir do meio-dia desta terça-feira, Macron anunciou o fecho das fronteiras da União Europeia e do espaço Schengen.
“Concretamente, todas as viagens entre países não europeus e países da União Europeia serão suspensas durante 30 dias”, informou o presidente francês, ressalvando a possibilidade de regresso de todos os cidadãos franceses que se encontrem noutros países.
“Nenhuma empresa ficará em risco de falência”, assegurou Emmanuel Macron no mesmo discurso. À semelhança dos apoios anunciados aos contribuintes individuais, através do desemprego parcial e do fundo de solidariedade, garantiu ajudas às empresas, através da isenção de impostos e contribuições concedida a PME em dificuldades, além da suspensão de rendas e contas de água, gás e eletricidade.
Macron adiou ainda a segunda volta das eleições municipais, marcada para o próximo domingo, além de ter pedido expressamente às empresas que optassem pelo regime de teletrabalho. O presidente tomou também a decisão de suspender todas a reformas em curso, incluindo a das aposentações.
No que diz respeito à crise de saúde pública que o país atravessa e, em particular, à necessidade de reforçar os cuidados de saúde, Macron anunciou a instalação de um hospital militar de campanha na Alsácia, contado ainda com a ajuda do exército na contenção do surto. A partir de quarta-feira, máscaras de proteção serão distribuídas nas 25 zonas mais afetadas do país.