A China disse esta terça-feira estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump se referir à Covid-19 como “vírus chinês”, numa mensagem difundida através da rede social Twitter, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país.
“Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu.
Numa mensagem difundida através do Twitter, Trump afirmou que “os Estados Unidos apoiarão vigorosamente os negócios, incluindo as companhias aéreas e outros, que são particularmente afetados pelo vírus chinês”.
The United States will be powerfully supporting those industries, like Airlines and others, that are particularly affected by the Chinese Virus. We will be stronger than ever before!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 16, 2020
Membros do governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, mas é a primeira vez que Trump o faz.
A referência surge depois de a diplomacia chinesa ter recorrido a teorias da conspiração para defender que o vírus não teve necessariamente origem no país, onde infetou mais de 80.000 pessoas e fez 3.226 mortos, mas sim nos Estados Unidos.
“As forças armadas dos EUA podem ter levado a epidemia para Wuhan“, defendeu na sexta-feira o porta-voz da diplomacia chinesa Zhao Lijian, através da rede social Twitter, que está bloqueada na China, sem sugerir qualquer evidência. “Os Estados Unidos devem-nos uma explicação”, assegurou.
Pequim designou, no início do ano, um mercado de marisco situado nos subúrbios de Wuhan como o berço da epidemia, apontando que o vírus tinha sido transmitido inicialmente através de uma espécie animal, o que foi corroborado pela Organização Mundial da Saúde.
Análises genéticas de amostras do novo coronavírus em vários países revelam também uma fonte comum na China.
Em reação, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acusou a China de “semear informações erradas e rumores” sobre a origem do novo coronavírus.