O encerramento das escolas; a declaração do Estado de Emergência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 18 de março; o condicionamento das passagens aéreas e uma campanha sem precedentes para que todos permaneçam em casa para prevenir a propagação de Covid-19 refletiram-se de imediato na criminalidade participadas às autoridades. Segundo dados recolhidos pelo Observador, só na zona da PSP — que atua nas zonas urbanas — a criminalidade geral caiu 56,7%. Já nas zonas rurais patrulhadas pela GNR, este tipo de criminalidade baixou cerca de 40%.

A Direção Nacional da PSP analisou os crimes registados na sua zona, a nível nacional, entre os dias 13 e 31 de março, num período de tempo em que os casos positivos com o novo coronavírus iam escalando e iam tendo consequências: primeiro as universidades a fechar, depois as escolas, e a declaração do estado de emergência a obrigar só os serviços essenciais a estarem abertos. Nesse período, registaram-se menos 5.258 crimes (-56,7%) do que os 9.273 registados no mesmo período de 2019, ou seja um ano antes. Essa redução também foi visível nos crimes mais violentos e graves (menos 218, ou seja menos 42%, quando em 2019 tinham sido 519).

Com cada vez menos circulação automóvel nas estradas e com o Governo a recomendar o mínimo de saídas e apenas para ir ao supermercado, a condução sob efeito de álcool foi o crime que mais reduziu, em 88% (menos 521 casos), tal como as ofensas à integridade física simples, ou seja agressões, com menos 68,5% (o que equivale a menos 470 crimes). Também o furto em veículo motorizado  caiu 57,1% (menos 459) crimes), o furto de oportunidade teve uma quebra de 81,2% (menos 367) enquanto o furto por carteirista baixou 90,7 (com menos 427 casos do que em igual período de 2019).

Mas se houve crimes que baixaram consideravelmente, também houve cinco que dispararam nestas três semanas analisadas pela Direção Nacional da PSP: a burla com fraude bancária (mais 31 casos, o que significa mais 67,4%), os crimes por desobediência, nomeadamente relacionados com o facto de não respeitarem o confinamento (mais 26 casos, ou mais 31,7% e o furto em edifícios não residenciais, com mais sete casos (ou seja mais 16,7%). Entre 13 e 15 de março de 2019, a PSP tinha apenas registo de dois crimes que se enquadram no tipo de “outros roubos”. Mas houve um quinto crime que também aumentou consideravelmente: o crime de abandono de animais de companhia. Se no ano anterior não tinha existido qualquer queixa na PSP deste crime, nestas três semanas a polícia recebeu uma dezenas de casos, quase um por dia.

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GNR com menos 5.021 crimes em três semanas

Já a GNR, em resposta ao pedido do Observador, comparou a criminalidade participada entre 1 e 25 de março de 2020 e de 2019. Apesar de uma análise diferentes do dados, as conclusões apontam quase para o mesmo: registaram-se menos 5021 crimes (40%) em ano de pandemia, foram no total 7252 crimes, quando em 2019 tinham sido 12. 273.

Neste caso, os militares forneceram dados por categorias de crimes para mostrar que os crimes contra a vida em sociedade, por exemplo, baixaram de 2161 para 840 . Já nos crimes contra as pessoas, que incluem agressões, homicídios, em março de 2019 foram feitas 3335 queixas à GNR, enquanto desde que se registou o primeiro caso de Covid-19 em Portugal e se entrou numa escalada de medidas para conter o vírus, foram feitas 1974. Nos crimes contra o Estado os militares passaram de 235 para 186, já nos crimes contra o património (em que incluem roubos e furtos, por exemplo) as estatísticas dão conta de  5529 em março de 2019 para 3702 no mesmo mês deste ano.

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