O Presidente da República visitou este sábado à tarde a sede do Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa. Marcelo reforçou a importância dos donativos em tempos de crise, sublinhando o facto de este ano ser mais difícil para os portugueses contribuir. Em vez das habituais campanhas de angariação de bens nas principais superfícies comerciais, as únicas formas de o fazerem é através de um vale nas superfícies ou através da internet.

“Há um ano isto estava cheio e a campanha tinha arrancado há dois dias. Agora, está vazio”, referiu o presidente, apontando para os depósitos de produtos na sede da organização que, segundo Marcelo, apoia 2.400 instituições em todo o país e, através delas, cerca de 380 mil pessoas. “Os portugueses que tenham a noção de que há 400 mil pessoas que precisam de um contributo”,afirmou ainda.

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Às contas, o Presidente da República adicionou entre 15 a 20 mil portugueses que, excecionalmente e devido ao impacto da atual crise viram o seu rendimento comprometido e tiveram, por isso, de pedir apoio. “Foi preciso pedir aos bancos alimentares para criarem uma rede de emergência para pessoas que não eram cobertas pela rede tradicional. Muita gente, para além dos 380 mil portugueses, precisa de apoio e apareceu aqui a pedir uma sopa”, continuou.

“Não é preciso gostar do banco alimentar, da líder ou dos voluntários. É preciso pensar nos que estão a passar mal e que vão estar assim mais um mês, dois, três, mais um ano, o tempo que durar a crise”, sublinhou Marcelo, insistindo na situação de carência que atinge a população mais idosa e os que nunca antes precisaram de recorrer a ajuda — “Algumas pessoas bateram aqui à porta à procura de comida”.

“Se o Governo tem meios para prolongar o lay-off, melhor”

Ainda no Banco Alimentar Contra Fome, as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa resvalaram para temas da atualidade política. Questionado sobre se “gostava” de ver unanimidade no Parlamento na aprovação do orçamento suplementar, o Presidente optou por sublinhar a importância desta medida “numa fase em que ainda não sabemos tudo o que vem da União Europeia”. O dito orçamento poder ser assim, segundo Marcelo, uma forma de evitar “mais desemprego” e de responder a “necessidades sociais urgentes”.

Sobre a possibilidade já mencionada pelo executivo de estender o lay-off até ao fim do ano, mas numa nova versão, o Presidente referiu não ter ainda conhecimento do modelo em questão. “Se o Governo tem meios disponíveis para prolongar o lay-off por mais algum tempo, melhor. É bom, mesmo que seja num modelo diferente, porque permite que esta retoma possa ser feita com mais tempo”.

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Sobre as eleições legislativas regionais nos Açores, marcadas para outubro, Marcelo indicou que vai receber os partidos, mas que a evolução da própria pandemia irá ditar o ato eleitoral — “se houver dificuldades de circulação entre ilhas, será complicado fazer campanha eleitoral”, assinalou.

Sobre as negociações dos “corredores” turísticos, atualmente a decorrer entre Portugal e Espanha, mas também com o Reino Unido, Marcelo reforçou a importância da antecedência no planeamento e referiu ainda outros países com os quais Portugal poderá estar a ter conversações semelhantes — “provavelmente sei [quais são], mas agora não me ocorre”.